quarta-feira, 22 de julho de 2009

O Novo Testamento Foi Alterado?

Será que o NT foi alterado pela Igreja católica para se adequar aos seus dogmas?
A carta abaixo foi escrita em resposta para alguém que afirmava que a Igreja Católica alterou a Bíblia:

Jorge, tenho absoluta certeza que o Eterno conservou sua Palavra. Note na história a seguir que esse rei impiedoso tentou destruir as palavras que Deus tinha dado ao seu servo, o profeta Jeremias, mas Deus interveio de tal modo que as Palavras Santas foram conservadas. Veja: “Então enviou o rei a Jeudi, para que tomasse o rolo; e Jeudi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e leu-o aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei. Ora, o rei estava assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e diante dele estava um braseiro aceso. E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro. E não temeram, nem rasgaram as suas vestes, nem o rei, nem nenhum dos seus servos que ouviram todas aquelas palavras” (Jeremias 36. 21-24); e “Então veio a Jeremias a palavra do SENHOR, depois que o rei queimara o rolo, com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, dizendo: Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que queimou Jeoiaquim, rei de Judá” (Jeremias 36. 27-28). Assim como Deus conservou o Antigo Testamento, Ele conservou também o Novo Testamento.
As tuas palavras (de que há uma Bíblia mais antiga onde supostamente estaria a verdade) me fazem recordar uma experiência que tive com dois mórmons. Eles me falaram que o Livro de mórmon era indispensável para a salvação. Usavam a metáfora de que o Novo Testamento e o livro de mórmon eram como duas metades de uma ponte (sem o livro de mórmon e o Novo Testamento não poderíamos nos salvar). Logo depois, ao me contarem a história do livro de mórmon, me disseram que esse livro ficara enterrado do ano 430 depois de Cristo ao ano 1830 depois de Cristo (1400 anos), sem que ninguém tivesse como ler o ‘bendito’ livro. Expliquei-lhes, orando a Deus todos os dias para a sua salvação, o plano da salvação por Cristo no Novo e Antigo Testamentos em algumas semanas que vieram em minha casa. Depois, voltamos ao tema da suposta necessidade de se crer no livro de mórmon para a salvação. Então, lhes objetei: como Deus privaria durante 1400 anos alguém de ler o livro de mórmon se ele fosse indispensável à salvação? Então eles me responderam que durante este tempo bastava o novo testamento (então porque agora precisaríamos do livro de mórmon, se antes não?). Perguntei, então, sobre algum detalhe que estava no livro de mórmon e não no NT e não souberam me responder. Disseram-me que me diriam na próxima vez e, até hoje, não me responderam. Tu me dizes que há uma Bíblia mais antiga, seria uma Bíblia diferente, mas o fato é que esta Bíblia parece estar só nas tuas mãos e os outros milhares de cristãos não a possuem.
Outrossim, nos tempos dos apóstolos, eles usavam o Antigo Testamento para provar que o Cristo já tinha vindo e morrido na cruz para nos salvar. Imagina se alguém questionasse sobre a conservação das Antigas Escrituras Sagradas, se os judeus não teriam alterado algumas partes delas. Isso não seria um absurdo, já que o Nazareno viera exatamente para cumprir o que Dele estava profetizado nas Escrituras? Por isso, Jesus disse: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5.39). Além disso, ele exortou-os a crerem nas Escrituras de Moisés e dos profetas: “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (João 5.46-47); “E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” (Lucas 24. 25-27). Então, se é inconcebível tentar provar, argumentar ou ensinar sem o fundamento do Antigo testamento, se, de forma análoga, colocar em descrédito o Novo testamento, já não teríamos documentos e testemunhos confiáveis sobre a vida, doutrina, morte e ressurreição de Cristo. Também não teríamos documentos históricos sobre os ensinos dos apóstolos. Restaria, agora, acreditar na tradição da igreja católica ou cair nas garras de outros falsos mestres e inescrupulosos que se dizem serem donos da verdade.
Prova eloqüente, de que Deus não permitiu que a igreja católica alterasse o Novo Testamento é que as heresias dela são combatidas clara e fortemente no Novo e Antigo Testamentos. Por exemplo, a mariolatria ou adoração de Maria. Vejamos alguns testos que condenam essa prática da igreja católica no Novo Testamento. “E, falando ele ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar-lhe. E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te. Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe” (Mateus 12. 46). Essa passagem seria uma das primeiras, entre muitas outras, que seriam apagadas da Bíblia pelos adoradores de Maria, pois coloca Maria ao nível de qualquer um dos outros discípulos que fazem a vontade do Pai celeste. Note também que os católicos dizem que Maria faz milagres, mas que não há nenhum milagre de Maria em todo o Novo Testamento (Se eles tivessem acrescentado algo ao Novo Testamento, teriam colocado, certamente, alguns milagres de Maria). Eles adoram Maria como uma deusa, mas o NT mostra uma Maria humilde e obediente ao Senhor: “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1.38). Além disso, crêem em vários mediadores. Isso contrariamente ao Novo Testamento (que quase todos os católicos possuem) que diz que há um só Mediador entre Deus e os homens: “Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2. 4-5).
Durante anos, a igreja católica não permitiu a leitura da Bíblia (até mesmo matou a muitos servos de Deus que ousavam ler a Bíblia para conhecer a verdade), para que as pessoas não perceberem que estavam sendo enganadas, mas alterar a Palavra de Deus não pôde fazer, pois Deus não permitiu isso. As suas doutrinas, no princípio, eram puras, mas ela se afastou da Bíblia e houve uma mistura de doutrinas verdadeiras com as falsas e a igreja se prostituiu. No entanto, Deus mandou que o seu povo saísse dela para que não incorresse nas suas idolatrias e só adorasse o Deus verdadeiro e único: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mas a verdade sempre estava disponível nas Sagradas Escrituras (há mais de 5.000 manuscritos em vários museus e mosteiros na Europa, Ásia e África) a quaisquer que buscassem a Deus de coração. Então, Deus levantou um povo que saiu de dentro dessa igreja prostituída para que pudesse examinar as Escrituras com mais liberdade e, agora, este povo está se preparando para a vinda de Jesus para julgar esse mundo, no Juízo Final.
Meu amigo Jorge, o globo se encheu de Bíblias: só não conhece a verdade quem não quer (a verdade não está em uma Bíblia antiga e misteriosa que ninguém sabe onde está e sim a verdade está a disposição de qualquer pessoa que busque a Deus de verdade). Naquele Dia ninguém terá desculpa, pois só não se salva quem não quer: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (1Timóteo 2.3-6). E, por que Ele quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade, Ele não só conservou a Bíblia mas também fez com que a Sua maravilhosa e bendita Palavra se espalhasse por todo o mundo. É por ela (a Bíblia) que os homens serão julgados naquele dia.

Busque a Deus urgente! Continuo orando para que sejas SALVO PELO SANGUE DE JESUS. Um abraço!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Está GÊNESIS 1 de acordo com a CIÊNCIA ATUAL?

“Algumas pessoas ficam surpresas ao descobrir que os registros científicos dos eventos da criação estão completamente de acordo com o relato do Gênesis. Para compreender isso completamente, é importante reconhecer o marco de referência de Deus – “sobre a face das águas” (Gn 1.2).

Passo 1 (Gênesis 1. 1,2)

“NO princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”.

É particularmente importante reconhecer a presença do “Espírito de Deus” sobre a “face das águas”. Este marco de referência será importante na consideração dos demais passos do Gênesis.

A ciência diz: Houve um princípio do tempo, espaço e da matéria, de acordo com a relatividade geral, que foi proposta pela primeira vez por Albert Einstein em 1915, e que foi finalmente verificada por Penzias e Wilson, Smoot, e muitos outros cientistas depois disso. A ciência também indica que o estado inicial de um planeta como a Terra seria “o vazio e o vácuo”.

Passo 2 (Gênesis 1. 3)

“E disse Deus: Haja luz; e houve luz”.

Por estar o Espírito de Deus sobre a “face das águas”, esta referência indica que a luz tornou-se visível, da posição estratégica de Deus – em outras palavras, na superfície do oceano.

A ciência diz: A luz por todo o universo teria estado disponível muito tempo antes do desenvolvimento da Terra. No entanto, quando consideramos a linguagem da Bíblia, a ciência concordaria com Gênesis 1.3 – de que o passo seguinte do desenvolvimento, da posição estratégica da superfície da terra, seria que os densos gases se tornariam translúcidos, permitindo que uma pequena quantidade de luz alcançasse a terra. Esse passo é vital para a fotossíntese, necessária para a vida vegetal.

Passo 3 (Gênesis 1. 6,7)

“E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi”.

A ciência diz: O passo seguinte no desenvolvimento seria que a água aquecida iria evaporar para as nuvens. Isto estabeleceria o ciclo hidrológico, que é necessário para a vida.

Passo 4 (Gênesis 1. 9,10)


“E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom”.

A ciência diz: O passo seguinte do desenvolvimento planetário seria o de pesada atividade vulcânica e sísmica, que teria provocado a criação dos continentes e outras porções de terra, em uma proporção de 30% de terra – ideal para a vida.

Passo 5 (Gênesis 1.11)

“E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi”.

A ciência diz: De todas as formas de vida mencionadas na narrativa da criação da Bíblia, a vegetação seria o passo seguinte. Luz, água e as grandes quantidades de dióxido de carbono que estavam todas presentes na terra primitiva teriam definido a etapa para a vida vegetal.

Passo 6 (Gênesis 1. 14-18)

“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra, E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas”.

A ciência diz: À medida que a vida vegetal liberava oxigênio (juntamente com outros fatores), a atmosfera foi se tornando transparente, até o ponto em que o sol, a lua e as estrelas ficarem visíveis desde a superfície da terra. (anteriormente a esta época, os gases densos permitiam a passagem de um pouco de luz, mas não a visibilidade dos corpos celestes).
Uma vez mais, é importante recordar que o marco de referência está sobre a face das águas.
Alguns opinam que uma interpretação literal da Bíblia indicaria que o sol, a lua e as estrelas foram criados durante este passo (quarto dia). Isto faria pouco sentido para um cientista. A terra deveria ter a luz do dia e o período da noite (e deveria girar) para ter um dia ou uma tarde e manhã – tudo isso exigiria um sol. Uma solução para este dilema está em reconhecer que a Bíblia afirma que os céus foram criados no primeiro dia. Não há nada na linguagem do quarto dia que exigisse a criação desses corpos celestes no quarto dia – eles já poderiam ter sido criados previamente.
Nós também descobrimos que a palavra hebraica que significa “fez” no quarto dia – asah – que normalmente significa produzir ou manufaturar, também poderia ter significado “fez surgir”, o que se encaixaria melhor no contexto. Em primeiro lugar, devemos considerar que a Bíblia nos diz a razão porque os corpos celestes “surgiram” – para marcar “tempos determinados e para dias e anos”

(OU SEJA, O SOL, A LUA E AS ESTRELAS PASSARAM A APARECER NO CÉU, PARA SEREM VISTOS DO PONTO DE REFERÊNCIA (QUE É A SUPERFÍCIE TERRESTRE), PARA SERVIREM DE SINAIS PARA A DEMARCAÇÃO DAS ESTAÇÕES, ÉPOCAS E ANOS, SOMENTE NO QUARTO DIA, EXISTINDO, NO ENTANTO, DESDE O PRIMEIRO DIA – QUANDO FOI CRIADA A LUZ!).

Passo 7 (Gênesis 1. 20, 21) (Aqui, faço uma observação importante: os vegetais absorvem o dióxido de carbono - CO2 e liberam o oxigênio - O2, que em quantidade demasiada pode matá-las. Portanto, antes de a atmosfera se saturar de oxigênio e no momento em que tivesse menos CO2 - a quantidade máxima tolerável aos animais, era necessário surgir os animais para consumir o O2 liberado pelas plantas e liberar o CO2 para as plantas utilizarem e continuarem vivas. Assim, tanto as plantas e o animas continuariam vivos sem ser destruidos pelo O2 em demasia - as plantas - e o CO2 em demasia - os animais, garantindo um equilíbrio)

“E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom”.

A ciência diz: Os seguintes, na linha de desenvolvimento lista na Bíblia, foram as criaturas do mar, seguidas pelas aves.

Passo 8 (Gênesis 1.24)

“E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi”.

A ciência diz: A seguir, entre as criaturas da Bíblia, vieram os animais terrestres.

Passo 9 (Gênesis 1. 26)

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”.

A ciência diz: A última criatura a aparecer sobre a Terra foi o homem.


Passo 10 (Gênesis 2.2)

“E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito”.

A ciência diz: Não poderia ter havido mais criação (a primeira lei da termodinâmica).

Nenhuma cultura na face da terra compreendeu os eventos da criação do universo naquela época. Mas se considerarmos somente a citação dos dez eventos da criação, verificaremos que as probabilidades de adivinhar aleatoriamente os passos e a sua seqüência são de aproximadamente uma chance em quatro milhões”.


Texto extraído do livro “Examine as Evidências ”, de Ralfh O. Muncaster, editora CPAD, Rio de Janeiro, 2007. VALE A PENA LER ESSE LIVRO!

sábado, 18 de julho de 2009

Como Entender a Ira de Deus Contra o Povo de Amaleque?

Como entender a ira divina sobre o povo de Amaleque? Será que Deus se mostra aqui, em Êxodo 17.8-16, um Deus vingativo e irracional por decretar guerra contra um povo de geração em geração? Se este texto bíblico fosse interpretado dessa forma, esse modo de agir com Amaleque destoaria ou, até mesmo, estaria em oposição ao modo como Deus agiu em muitos outros momentos da história humana e, em especial, da história de Israel. Não é esse o modo de Deus agir no contexto bíblico. Mesmo considerando todo o povo de Amaleque culpado, veremos que Deus não fecharia a porta do perdão para um povo inteiro.
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Vejamos o modo de Deus agir em outros momentos para constatar isto: No caso de Adão e Eva, mesmo eles tendo traído a confiança do Senhor Deus, o Senhor veio ao seu encontro e os vestiu com vestes feitas de animais sacrificados. Essa atitude divina foi em si mesma já um gesto protetor e, além disso, lhes prometeu que da descendência da mulher viria um Salvador, para libertar a raça da situação decaída (mais tarde, na história bíblica, essa promessa se cumpriria com a redenção da cruz, feita pelo sacrifício do "Cordeiro" de Deus, Jesus Cristo). O ato de expulsá-los do jardim do Éden para que não comecem da árvore da vida e vivessem eternamente foi um ato de castigo, mas também de proteção. Se Deus não tivesse agido assim, o mal teria sido pior, pois seriam seres imortais e, contaminados pelo pecado, essa imortalidade seria uma maldição (seria como um pai, diante de uma maldade feita pelo filho, dar-lhe um prêmio). Portanto, o fato de Deus tirá-los do jardim também é um ato de benignidade, pois melhor do que uma pessoa bondosa é a que é benigna e bondosa, e Deus é benigno e bondoso.
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Outro exemplo é o de Caim: Deus foi benigno e bondoso com alguém que era culpado. Para começar, o Senhor tentou lhe dissuadir do intento de fratricídio antes de cometê-lo, lhe dirigindo a palavra. Após Caim matar Abel, Deus falou com Caim e tentou levá-lo a confissão e ao arrependimento, tentando recuperá-lo da impiedade e maldade em que estava preso. Caim, então, pediu clemência, perguntando a Deus se o seu crime era maior do que o crime imperdoável. Deus mostrou-se, então, bondoso com Caim, colocando-lhe um sinal para que Caim não fosse vingado pelos vingadores de Abel (seus filhos ou, até mesmo netos de Abel). De modo similar, em várias outras situações (em outros textos bíblicos) Deus não se mostra irredutível quanto a possibilidade de perdão e restauração do culpado.
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Um exemplo de que Deus não condena todas as pessoas que pertencem a um povo ou nação pela sua corrupção geral é as pessoas que se apartaram do Egito, não sofrendo o juízo sobre essa nação pelos seus terríveis crimes. Nesse acontecimento bíblico, a nação do Egito cometeu um crime punível diante de Deus de matar milhares e milhares de bebês, afogando-os no rio Nilo. Quando Deus começou a enviar as pragas sobre o Egito, não o fez de forma a só manifestar a sua justiça. Cada praga era uma manifestação do poder de Deus e uma oportunidade de os egípcios se darem conta que estavam diante do Deus que tinha domínio sobre toda a natureza, que era, enfim, o Deus criador, o Deus verdadeiro. Deus foi aumentando gradativamente a gravidade das pragas, chegando à sexta praga sem nenhuma pessoa morta (tendo somente, com elas, causado prejuízos materiais). Quando finalmente morreram algumas pessoas, com a praga da saraiva ou chuva de pedras e fogo (sétima praga), muitos egípcios, tendo recebido o aviso de que isso aconteceria, tiveram temor de Deus e, tendo já constatado que nas outras sete pragas tinha acontecido exatamente como Moisés tinha lhes advertido que aconteceria (veja o aviso que Deus dera a faraó, por intermédio de Moisés: "Agora, pois, envia, recolhe o teu gado, e tudo o que tens no campo; todo o homem e animal, que for achado no campo, e não for recolhido à casa, a saraiva cairá sobre eles, e morrerão", Êxodo 9.19), creram na palavra de Moisés e retiraram todos os seus animais e escravos do relento, de modo que não morreu nenhum animal.
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E, por fim, quando o povo de Israel saiu do Egito, a Bíblia nos informa que saiu um misto de gente (Êxodo 12.38), entendo que eram os Egípcios que se conscientizaram dos crimes que cometeu a sua nação (entre eles, o de explorar e oprimir a nação de Israel). Vemos, portanto, que Deus não puniu de forma desproporcional e sem misericórdia toda uma nação (o Egito), mas somente os egípcios que, endurecendo a cerviz, continuaram nos seus crimes e impiedades. Na Bíblia, também em outros momentos, há uma constante: em momentos em que Deus manifesta o seu juízo, Ele dá a conhecer também a sua misericórdia, tendo sempre algumas pessoas que acham escape e não são punidas, pois se emendam e se põem a salvo do juízo divino. Exemplo dessa realidade bíblica é na destruição de Jericó: em meio a destruição, uma prostituta se salva e se torna uma ilustre participante da genealogia da linhagem real, dos reis de Israel.
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E, quando toda uma cidade reconheceu os seus erros e tornou dos seus maus caminhos, Deus se mostrou perdoador. Isso é evidenciado pelo relato bíblico da história de Nínive, cidade acusada de cometer os piores e mais desumanos crimes e inimiga mortal do povo israelita, quando, diante da destruição iminente (ameaça do castigo e juízo divino), se humilha e pede o indulto de Deus, Ele se mostra disposto a perdoar, mesmo diante da má vontade do profeta Jonas (que pode representar a mágoa da nação de Israel para com os ninivitas, aos quais odiavam pelo fato de eles lhes terem causados muitos males).
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Aí vemos outra vez um Deus que não fecha a porta para o perdão e a possibilidade de não executar o seu juízo diante do arrependimento sincero, quer seja de uma pessoa (como é o caso de Caim), quer seja no caso de uma parte de uma nação (como é o caso dos egípcios), quer seja no caso de uma cidade inteira (como no caso dos ninivitas).
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Então, considerando todo o contexto bíblico, não é razoável entender que Deus estaria fechando a porta ou possibilidade de perdão para todo um povo (no caso dos amalequitas). O texto bíblico (versículo 8) nos informa que foi Amaleque quem tomou a iniciativa de guerrear contra Israel e é razoável entendermos que a guerra de geração em geração contra Amaleque seria somente enquanto Amaleque fosse Amaleque, ou seja, enquanto fosse uma nação agressora de um povo que não lhe tinha feito mal, no caso, Israel. Se Amaleque deixasse essa atitude já não seria chamado pelo nome "Amaleque", pois mudaria sua índole agressiva e injusta (vemos, em vários momentos bíblicos, que Deus muda o nome das pessoas que têm uma transformação e experiência com Ele – notemos o exemplo de Jacó, nome que significa enganador, teve o seu nome mudado para Israel, nome que significa aquele que luta com Deus, após ter tido um encontro com Deus).
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E, mesmo que Amaleque nunca deixasse de ser uma nação belicista e agressora e a guerra, a indignação e juízo divinos continuasse sobre Amaleque perpetuamente, isso não significa que os amalequitas que individualmente se emendassem diante de Deus e não continuassem nos seus crimes não achariam a benevolência e o indulto de Deus. Certamente que achariam lugar de salvação e perdão de Deus.
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Por outro lado, as pessoas que, mesmo pertencendo a uma nação teocrática (Israel), se opuseram ao povo de Deus, cometendo atrocidades, não foram poupadas da execução do juízo divino. Poderíamos citar vários exemplos que demonstram esse fato (como dessas pessoas Deus poderia exigir mais, por terem elas maior possibilidade de discernir o bem do mal, o juízo foi, certamente, mais severo. No entanto, quando se arrependeram das suas maldades, Deus suspendeu o juízo, mostrando sua clemência e bondade).
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Então, para se entender a história em Êxodo 17.8-16, deve-se considerar o espírito bíblico e buscar interpretá-lo buscando uma concordância prática com o restante da Bíblia.