quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Ressurreição de Jesus Cristo


INTRODUÇÃO

A Bíblia ensina que o corpo de Jesus voltou à vida (assim é crida e entendida a ressurreição de Cristo no meio evangélico), pois não permaneceu entre os mortos; contrariamente a isto, as testemunhas de Jeová ensinam que Jesus foi levantado como espírito glorioso.

            Para o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, Jesus teria sido apenas ressuscitado como espírito, pois teria sido supostamente transformado num espírito glorioso no momento da sua ressurreição. Entretanto, 1 Coríntios 15.4 expressa que qualquer crença ou ensino sobre a ressurreição de Jesus deve ser “segundo as Escrituras”.      

            1) O NÃO-RECONHECIMENTO DO CRISTO RESSUSCITADO

            O não-reconhecimento de Jesus pelos seus discípulos nos aparecimentos do Cristo ressuscitado é utilizado pelo Corpo Governante das testemunhas de Jeová como prova para negar a ressurreição corporal de Jesus.

            As passagens bíblicas utilizadas para referir o não-reconhecimento de Jesus após a ressurreição e para a base disto negar a ressurreição física de Cristo são as seguintes:

             A) Os Dois Discípulos no Caminho de Emaús (Lucas 24)

             Após a morte de Jesus, dois dos discípulos de Cristo, andando a caminho da aldeia de Emaús, encontraram o Senhor Jesus ressuscitado e conversaram com Ele, mas não o reconheceram. Tal fato seria supostamente uma prova de que Jesus tinha uma aparência física distinta da que ele possuía antes da sua morte e sepultamento.

            O motivo que o texto bíblico nos dá para o não reconhecimento de Jesus pelos dois discípulos no caminho de Emaús, não é ter Jesus outro corpo diferente, mas em sentido oposto, para um obstáculo nos olhos dos dois discípulos:

            “Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem” (v. 16). “Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes” (v. 31).

             Se Deus quisesse dar a entender que o não-reconhecimento decorria do fato de o corpo de Jesus ser outro que não o de antes da morte, posto no túmulo, seria uma hora conveniente para dar indícios disto no texto, mas não há o mínimo sinal neste sentido no relato bíblico. Muito pelo contrário, o texto fornece unicamente como motivo do não reconhecimento uma obstrução dos olhos dos discípulos. Fazendo assim, o texto bíblico inspirado demonstra intenção de afastar possível dúvida a respeito da aparência física de Jesus: era o mesmo Jesus de Nazaré perfeitamente conhecido pelos dois discípulos.

             A dificuldade, ou impedimento, para o reconhecimento do Mestre encontrava-se nos observadores (nos seus olhos), não no observado (o corpo de Jesus). Portanto, a causa para o não reconhecimento estava nos dois discípulos, não no Mestre ressuscitado!

Entretanto, alguns alegam que o texto está se referindo aos olhos do entendimento dos discípulos, mas, ainda que fosse isto admitido, uma coisa é certa: o texto não serve de prova categórica de que Jesus tinha outra aparência após a ressurreição.

            O caso do aparecimento de Jesus aos dois discípulos de Emaús lembra a história do profeta Eliseu e dos soldados sírios, pois ele orou para que Deus impedisse que os soldados da Síria o reconhecessem, e em todo o percurso em que andou com aqueles soldados assim ocorreu literalmente. Depois, Eliseu orou novamente ao Senhor para que os olhos deles fossem abertos, e Deus fez com que eles o vissem outra vez, reconhecendo eles o profeta (II Reis 6. 18-20). Deste modo, o problema também não estava na aparência do profeta, mas nos olhos dos soldados, tal qual no relato dos dois discípulos, no caminho com Jesus.

            Portanto, o caso dos dois discípulos no caminho de Emaús indica uma realidade oposta ao entendimento das testemunhas de Jeová. A passagem bíblica aponta expressamente para o fato de que o não reconhecimento do Mestre pelos discípulos, nesta ocasião, está relacionado, não à suposta aparência distinta de Jesus após a sua ressurreição, mas sim aos olhos dos discípulos. Além disto, este texto faz ver a possibilidade de, nas outras ocasiões, em que também outros discípulos não reconheceram o Mestre ressuscitado, isto ser também devido aos olhos dos próprios discípulos.

            B) O Aparecimento de Jesus a Maria Madalena (João 20)

             O fato de Maria Madalena não ter reconhecido o Jesus ressuscitado e tê-lo confundido com um hortelão provaria, segundo as testemunhas de Jeová, que Jesus apareceu em corpo distinto do que tinha antes de morrer na cruz.

            Entretanto, a confusão de Maria Madalena pode ser explicada por diversas razões extraídas do próprio relato bíblico do seu encontro com o Cristo ressuscitado:

a) É nos informado no texto bíblico, quatro vezes (vv. 11a e 11b, 13, 15), que Maria estava chorando. Portanto, em todos os momentos os seus olhos e rosto estavam banhados de lágrimas e estas contribuíram para que Maria não reconhecesse Jesus. À semelhança do caso dos discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24: 16; 31), o obstáculo para o reconhecimento do Mestre estava nos olhos de Maria (as suas lágrimas), e não no corpo de Jesus;

b) Maria “abaixou-se” para o túmulo, versículo 11, ao passo que Jesus estava “em pé” atrás de si, versículo 14. Estes dois fatos (a postura física de Jesus e a de Maria Madalena) podem ter influenciado, em conjunto com os outros aspectos fornecidos no texto bíblico (o pranto de Maria, acima), para o não reconhecimento de Jesus, num primeiro momento, pois isto pode ter prejudicado sua visibilidade;

c) Quando Jesus apareceu atrás de si, Maria estava tendo uma visão de anjos no interior do túmulo, a qual certamente a deixou muito impressionada, dividindo sua atenção entre um homem (na sua mente, um possível hortelão) que estava às suas costas e dois anjos, que estavam diante de Maria. O mais lógico era Maria primeiramente dialogar com eles, pedindo informações sobre o corpo do Mestre, os quais ela contemplara primeiro, e que estavam dentro do túmulo, para apenas em seguida concentrar sua atenção naquele que acabara de chegar, fora do sepulcro;

d) Os versículos 13 e 15 revelam o estado mental de Maria e a sua expectativa em ver o corpo (o cadáver) de um mestre morto, que precisasse ser carregado em seus braços. A visão do nazareno crucificado, morto e sepultado estava ainda gravada indelevelmente na memória dela. Portanto, não esperava de forma alguma ver Jesus com vida, em pé e falando com ela;

             e) O versículo 15 revela que Maria tinha em mente a possível presença de um hortelão (pessoa encarregada de cuidar de túmulos - certamente era do conhecimento geral a existência de pessoa com atribuição de guardar os túmulos e de cuidar da limpeza e conservação dos mesmos), o qual, segundo pensava, tinha removido o corpo de Jesus. Portanto, Maria tinha a expectativa de vê-lo a qualquer momento, para perguntar a ele sobre o corpo de Jesus. Quando ouviu alguém falar com ela, por detrás de si, tinha para si que fosse o responsável pelos sepulcros, que poderia lhe informar sobre o paradeiro do corpo;

f) A aparência de Jesus era a aparência normal de um judeu de sua época (da sua própria etnia ou raça), passível, portanto, de ser ele confundido, ao menos por um instante, em situação inusitada, como é o caso de Maria Madalena, entretanto sendo em seguida, reconhecido, ao prestar ela maior atenção aos seus traços característicos;

             h) Na primeira frase que Jesus falou a ela, chamou-lhe de “mulher” (v. 15), na segunda, de “Maria” (v. 16). Deste modo, da segunda vez que Jesus falou com ela, Maria naturalmente prestou mais atenção, pois percebeu não ser um estranho falando com ela, mas alguém conhecido que lhe chamara pelo nome, merecendo, portanto, maior atenção por parte dela;

            i) O versículo 16 nos informa que Maria, “voltando-se, disse-lhe”. Isto significa que, na primeira vez que o que estava atrás de si se dirigiu a Maria, ela, embora tenha se voltado para o que falava consigo, tornou novamente a prender sua atenção nos anjos. Portanto, num primeiro momento olhou para Jesus (talvez, vendo-o apenas de perfil), mas não fixou nele sua atenção; num segundo, quando o Senhor a chamou pelo nome, voltou-se novamente para ele, olhou-o diretamente, com mais atenção, e viu-o de modo mais propício a reconhecê-lo, reconhecendo-o perfeitamente;

j) Jesus disse: “não me detenhas”. Isto demonstra que Jesus tinha um corpo físico, pois passível de ser detido. Jesus explicou a razão para isto: “porque ainda não subi para meu Pai”. Talvez deva se entender que, embora tenha Jesus ressuscitado, ainda seu corpo estava em fraqueza e ele deveria ir ao Pai para ser glorificado (o seu corpo iria ser revestido de imortalidade, de incorruptibilidade e de glória);

k) Finalmente, uma forte e conclusiva razão para Jesus não ter aparecido a Maria em outra forma corpórea, que não a sua própria anterior à crucificação (ou seja, ele apareceu a ela no mesmo corpo, pois ressuscitou corporalmente dos mortos) é que, se Jesus tivesse aparecido com outra forma física, Maria simplesmente não o teria reconhecido, ou teria ficado na dúvida; mas, muito pelo contrário, não hesitou em chamar-lhe afetuosamente de “Mestre” (v. 16) e em tentar agarrá-lo (v. 17).

            C) O Aparecimento aos Discípulos no Mar da Galileia (João 21)

Jesus apareceu a um grupo de discípulos junto ao Mar da Galileia, após pescarem toda uma noite sem apanhar nem sequer um peixe, mas os discípulos, estando no barco, não reconheceram ao Senhor Jesus, na praia.

Nada indica, no texto bíblico, que o não-reconhecimento do Mestre pelos discípulos se devesse ao fato de o Mestre ter outro corpo diferente do que tinha antes da sua morte e sepultamento.

Pelo contrário, há possíveis razões para não o reconhecerem de imediato, as quais estão registradas no texto bíblico:

a) Os discípulos tinham pescado a noite toda (v. 3), estando, portanto, extenuados tanto física, como psicologicamente. Isto certamente poderia contribuir para que não reconhecessem o Mestre, num primeiro momento;

b) O texto bíblico não informa a que hora Jesus apareceu aos discípulos, mas diz que estava amanhecendo (v. 4) e, portanto, poderia muito bem ser relativamente um pouco escuro, pelo fato de o sol ainda não ter nascido completamente;

c) O Senhor Jesus apareceu na praia, estando a mais de 100 metros de distância do barco onde os discípulos estavam, pois este estava distante cerca de 200 côvados da praia (v. 8);

d) Embora Jesus estivesse com o mesmo corpo, este foi revestido de imortalidade, incorruptibilidade e de glória, o que provavelmente diferenciava significativamente a sua aparência daquela que tinha antes da sua morte. Isto, porém, não pode servir de modo algum ao fim de negar sua ressurreição corporal, porque inúmeros outros textos bíblicos apontam para este fato (como exemplo, Lucas 24. 37-43; João 2. 18-22; Atos 2. 24-32);

e) Se Jesus estivesse em outro corpo, os discípulos poderiam ter alguma dúvida sobre se era mesmo o Senhor, pois Jesus não se identificou em momento algum como sendo o seu Mestre. Poderia estar ali um anjo, algum profeta ou outro ser espiritual. No entanto, eles não tinham dúvida nenhuma de que era o Senhor ressurreto; muito pelo contrário, o texto bíblico expressa que eles “sabiam que era o Senhor” (v. 12).

            2) Jesus Oferece Provas Infalíveis da Ressurreição

A ressurreição corporal de Jesus é exposta, de modo contundente, em diversas passagens do texto bíblico. Vejamos, a título de exemplo, o episódio descrito no evangelho segundo escreveu Lucas, capítulo 24. 36-43:

36 E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.

37 E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.

38 E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações?

39 Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.

40 E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

41 E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?

42 Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel;

43 O que ele tomou, e comeu diante deles.

Sendo o texto bíblico claro sobre o fato da ressurreição, é isto suficiente para convencer as Testemunhas de Jeová do fato da ressurreição corporal do Senhor Jesus?

            Não, pois o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, de uma maneira muito engenhosa, tenta negar o que é evidente, afirmando que Jesus, embora fosse um espírito glorificado, teria se materializado diante dos discípulos.

No entanto, uma análise cuidadosa do texto bíblico demonstra, novamente, precisamente o oposto do ensino do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Observe os seguintes detalhes descritos no relato bíblico acima transcrito:

a) Ao aparecer Jesus ressuscitado diante dos discípulos, estes pensavam que se tratasse de um espírito (v. 37), e Jesus repreendeu-os por terem tais pensamentos (v. 38), ao invés de encorajá-los a continuarem pensando assim;

b) Jesus, para demovê-los do pensamento de que ele fosse um mero espírito, argumentou-lhes que “um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (v. 39);

c) Para dar-lhes evidência que os convencessem da sua ressurreição corporal, o Senhor Jesus lhes propôs que o apalpassem, ou seja, que comprovassem com o sentido do tato a realidade do seu corpo físico (v. 39);

d) Jesus ordenou-lhes, ainda, que observassem os sinais dos cravos em suas mãos e nos seus pés, ou seja, que fizessem uso do sentido da visão para comprovarem ser ele o mesmo que fora crucificado, mas que agora estava ali, vivo (v. 40);

                e) Como ainda estavam vacilantes em sua fé (v. 41), Jesus deu-lhes prova adicional, comendo diante deles, para crerem no milagre da ressurreição (vv. 42 e 43).

e) Considerando as provas dadas por Jesus aos discípulos, se ele fosse apenas um espírito materializado diante deles, estaria claramente induzindo eles a que cressem havia ele ressuscitado corporalmente dos mortos, quando isto não teria de fato ocorrido (segundo ensina o Corpo Governante). Deste modo, estaria o Mestre enganando-os, o que seria contrário a todo o seu próprio ensino e caráter, portanto isto é impossível.

O fato da ressurreição do corpo de Jesus (ou seja, a vitória de Jesus sobre a morte) fica ainda mais evidente, ao examinarmos o episódio que ele permitiu que Tomé o tocasse, para se certificar da ressurreição do Mestre, no evangelho segundo escreveu o apóstolo João, capítulo 20:

25 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.

26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.

27 Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.

28 E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

Na primeira vez, o próprio Jesus tomou iniciativa de fornecer evidências de sua ressurreição aos discípulos para que cressem e, agora, dá também a Tomé as mesmas provas das marcas dos pregos nas mãos e nos pés e, como se não bastasse, deu uma prova adicional: a marca da lança que o transpassou quando estava na cruz!

3) A Crença na Ressurreição Após a Ascensão de Jesus

             Se havia inicialmente alguma dúvida na mente dos discípulos sobre a realidade da ressurreição corporal de Jesus, as evidências apresentadas por Jesus foram mais fortes, dando aos apóstolos certeza absoluta deste fato: “Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas” (Atos 1.3);

            Corpo Natural Versus Corpo Espiritual

             No Livro “Raciocínios à base das Escrituras” (página 218), das Testemunhas de Jeová, é feita a seguinte pergunta: “Possui Jesus no céu seu corpo carnal?”. Para passarem a negar, em seguida, a existência do corpo físico de Jesus, usando 1 Coríntios 15: 42-50:

“Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção; ressuscita na incorrupção ... Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito ser vivente. O último Adão [Jesus Cristo, que foi humano perfeito assim como Adão era no início], porém, é espírito vivificante.... Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.”

No entanto, quando Paulo fala “corpo espiritual”, está ensinando que o corpo que Jesus tem atualmente não é o seu corpo físico, com o qual ressuscitou? Embora o sentido da palavra “espiritual”, no senso comum, seja de algo oposto a material, a própria Bíblia deve determinar o sentido que é atribuído a esta palavra, no versículo.

Neste contexto, “espiritual” é usado em contraposição a “natural”, e não a físico. Então, “corpo espiritual” é usado para indicar que o corpo da ressurreição não será na condição que possui na natureza atual, perecível: ele não será frágil, sujeito à corrupção; será imortal e incorruptível, porém material. Ou seja, o nosso corpo ressurreto não será meramente físico ou meramente material, será mais do que isto: será sobrenatural.

Além disto, de acordo com o próprio contexto bíblico “corpo espiritual” não significa, necessariamente, corpo não-material. Na mesma epístola do apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 10. 1-4, pode ser constatado outro exemplo de que, quando o apóstolo faz uso do adjetivo “espiritual”, este não tem o significado de não-material:

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual.”

Não há dúvida que a comida que o povo de Israel comeu no deserto (o maná que eles recolhiam e preparavam no fogo, Êxodo 16. 14-24) era material, e não há dúvida de que a água que bebiam era também física (Números 20. 8). No entanto, Paulo chama o maná de “comida espiritual” e a água de “bebida espiritual”.

Na expressão de Paulo, então, pode algo ser “espiritual” e, ao mesmo tempo, ser material, ou físico.

O que a Bíblia quer dizer, então, por “espiritual”? Que Deus operava de modo sobrenatural, milagroso, fazendo a água sair da rocha, e o maná cair do céu. No mesmo sentido em relação ao corpo ressurreto de Jesus: ele tem em si o poder sobrenatural de Deus, pois a sua ressurreição foi em incorruptibilidade e imortalidade.

Carne e Sangue Não Podem Herdar a Incorrupção         

Qual o sentido da afirmação de que “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção”? Significa que meros corpos mortais, adaptados apenas à vida terrena, não podem entrar no Céu, sem antes passarem por uma transformação operada pelo Espírito de Deus:

“... nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Coríntios 15. 53). “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita” (Romanos 8.11).

Na transformação e no ato de revestir, os elementos do ser transformado ou revestido continuam na nova forma assumida, não são eliminados, mas absorvidos e envolvidos por algo (no caso, pela incorruptibilidade e pela imortalidade).

Deste modo, o corpo de Jesus sofreu um processo de transformação e foi revestido de imortalidade e de incorruptibilidade, para estar adaptado ao ambiente celestial, assim como acontecerá também com nossos corpos, no dia da Ressurreição.

Paulo, inspirado pelo Espírito de Deus, usa uma ilustração da natureza, adequada para explicar como será a ressurreição dos mortos, em 1 Coríntios 15. 35-38:

“Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo”.

No caso da semente que é semeada, não há uma eliminação da semente, pois a semente entra na constituição da nova planta. Há uma transformação ou uma mudança da forma de um ser e não a eliminação de um ser, e o surgimento de outro.

Outro exemplo que poderia ser utilizado, também da natureza, é o da transformação da lagarta em borboleta, pois o ser da lagarta, embora seja sem beleza em sua forma original, é transformado em uma bela mariposa. No entanto, os elementos constitutivos da lagarta entram na composição do novo e lindo ser, a borboleta.

O Que Significa Jesus Ser “Espírito Vivificante”?

O apóstolo Paulo ensina que “O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante” (1 Coríntios 15. 45).

O que isto significa? Embora o versículo seja de difícil interpretação, a expressão deve ser interpretada em harmonia com as demais Escrituras. Não significa, com certeza, que Jesus não ressuscitou corporalmente dos mortos, pois, como visto acima, as outras passagens bíblicas ensinam a ressurreição corporal de Cristo.

Pode significar simplesmente que o primeiro Adão tinha um corpo “natural” adaptado para viver na terra e que Jesus, o segundo Adão, tem um corpo (espiritual – não significando imaterial, como já dito) adaptado para viver no Céu, como o apóstolo Paulo ensina nas passagens acima transcritas.

Isto é o que parece estar também expresso em Filipenses 3. 20-21: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.

Além disto, como temos em Adão a nossa origem natural e terrena (desta Criação), teremos a origem do nosso corpo glorificado e transformado em Jesus (a nova Criação), “o primogênito dentre os mortos”, ou as “primícias dos que dormem” (Apocalipse 1.5; 1 Coríntios 15.20, respectivamente), pois é Jesus quem garante a nossa ressurreição (1 Coríntios 15. 21-22), assim como Adão garantiu a nossa existência meramente física.

Neste sentido, portanto, o Senhor Jesus é o nosso Vivificador, pois nos ressuscitará pelos seus méritos e poder.

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