segunda-feira, 7 de maio de 2012

Anotações Pessoais Bíblicas - Gilmar Johann


Gênesis

A Criação - Capítulo 1 (O Relato da Criação Não é Contrário à Ciência)

Deus, antes de dar forma a este planeta (o relevo), por em ordem e povoar terra, mar e ar de criaturas maravilhosas, antes de tudo isto, Deus já havia formado o céu e a terra (v. 1). Ou seja, a crosta terrestre, a água e o espaço já existiam a milhões de anos antes Deus dar o início ao primeiro dia criativo.

Estes elementos pré-existentes seriam utilizados pelo Criador como matéria prima nos seis dias criativos? No mínimo, Deus utilizou alguns deles para formar parte da sua criação: das águas, formou os mares e da terra, os continentes. Além disto, a Palavra de Deus nos informa que o homem foi formado do pó da terra.

Após Deus ter formado o planeta, no princípio, algo ocorreu com a terra que a deixou sem forma e vazia, fazendo morrer todos os seres anteriormente existentes e deformando o relevo. No entanto o Espírito de Deus se movia sobre este caos, pronto para dar o início a uma nova Criação. Nesta nova Criação, o homem seria a coroa da Criação e a ele seria dado o poder de administrar os recursos naturais e de zelar pelos seres aqui existentes.

Então, no princípio o planeta estava totalmente deformado, não penetrando nem um raio de luz solar, pois provavelmente havia se acumulado na atmosfera uma grande nuvem de poeira (talvez o resultado de uma grande catástrofe que exterminou a Criação anterior e que deformou a terra). Alguns cientistas entendem que seja o resultado de uma chuva de estrelas. Nós entendemos que houve uma "chuva" de milhões de "estrelas", ou seja, os anjos decaídos, que caíram aqui na terra, ou talvez as duas coisas.

Deus é organizado e fez toda a nova criação em seis etapas ("dias") e, depois, após cessar o trabalho criativo, passou a uma fase contemplativa, o "sétimo dia", onde aprovou tudo o que criou, pois tudo era muito bom. Estas sete etapas são a realidade, da qual os dias da semana, onde o homem trabalha seis dias e descansa um, são meras sombras. Na verdade, Deus é a Realidade suprema e o homem, a sua imagem. Deus "trabalhou" seis dias e, no sétimo, cessou a obra e passou a contemplar tudo que fez, "descansou".

Passemos a ver o que Deus fez nas seis fases criativas:

Em primeiro lugar, em meio a este caos e a esta escuridão total, Deus fez penetrar, no "primeiro dia", raios de luz do Sol (este, a lua e as estrelas já existiam anteriormente ao primeiro dia e "surgiram", ou passaram a aparecer no céu somente no quarto dia, para servirem de sinais para demarcação do tempo), removendo Ele gradativamente a poeira que obstaculizava a passagem da luz. Começou, então, a haver a sucessão de dias e noites. Onde havia só uma eterna noite – “trevas” –, agora, Deus fez surgir também luz: enfim, há Dia e Noite.

No "segundo dia", Deus fez que as águas, que estavam todas na superfície terrestre, estivessem também, em parte, no firmamento dos céus (houve a evaporação das águas, decorrente do calor dos raios solares). Houve separação das águas: uma porção permaneceu na superfície terrestre e, outra, na atmosfera, ou seja, aconteceu a formação das nuvens.

No "terceiro dia" criativo, Deus fez com que aparecessem os continentes, quer pela evaporação gradativa das águas, quer pela atividade vulcânica, e as águas se acumularam nas partes mais baixas, formando os Mares. Além disto, nesta fase da criação Deus fez surgir as plantas, desde as as mais simples, às mais complexas. É de notar que as plantas, para sobreviverem, precisam da água, de luz e de CO² e que tais elementos já estavam presentes (a água e a luz desde o primeiro dia e o CO², proveniente da atividade vulcânica)

No "quarto dia", além da luz difusa do sol que já penetrava no sistema terrestre, desde o primeiro dia. Sem isto, não haveria tardes e manhãs, como refere o texto bíblico e não seria possível a evaporação das águas e a fotossíntese dos vegetais. Agora, há maior transparência na atmosfera, a ponto de Deus fazer com que o sol e a lua, antes ocultos, dêem a conhecer a sua perfeita forma. Por fim, aumenta ainda mais a transparência, a ponto de aparecer, até mesmo, as estrelas, mais distantes.

No "quinto dia", tendo Deus já criado os vegetais e, havendo oxigênio (O²) e alimento (os vegetais produzem O² e servem de alimentos aos animais), estando, portanto, o planeta preparado para a existência também de animais, Deus criou os seres marinhos e as aves, e fez com que se multiplicassem abundantemente os seres marinhos nos mares e, as aves, nos céus.

No "sexto dia", Deus criou os seres terrestres e, por fim, o homem, como o ser mais perfeito e capaz de administrar e zelar por toda a Criação que Deus criou.

"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1.31)

No final de cada um dos cinco primeiros dias da criação, Deus vê o que ele fez no dia e constata que isto "era bom". Entretanto, após ter criado o homem e a mulher, no último dia da obra criativa, a Palavra nos informa que Ele viu o conjunto de tudo quanto tinha feito, "e eis que era muito bom". Agora, o juízo de apreciação de Deus já não era apenas "bom", mas "muito bom".

É por esta razão que se afirma que o ser humano é a coroa da criação, pois a completa. Quando Deus o criou isento do pecado, o ser humano era a imagem e semelhança do seu Criador, ou seja, refletia a imagem de Deus. O que torna o ser humano mau é o pecado, pois distorce a imagem de Deus nele. Após a queda adâmica, a bondade que havia no homem se transformou em maldade, e a imagem divina ficou nele prejudicada. O homem se tornou contra o seu próprio irmão e se afastou de Deus.

No entanto, Deus quer e pode restaurar a Sua imagem no homem e ele se tornará, outra vez, amigo de Deus e do seu próximo.  Cristo, ao se fazer homem, nos dá novamente a imagem divina. Agora olhamos para Ele e vemos a imagem de Deus no homem de maneira perfeita, pois Jesus é perfeito homem e perfeito Deus. E, pela sua morte expiatória, somos salvos daquilo que nos torna maus, perante o nosso próximo e perante Deus, o pecado.

A corrupção do Gênero Humano - Gênesis 6

"E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra" (v. 12).

A constatação de Deus do terrível estado da humanidade, "eis que estava corrompida", tem como causa ("porque") o fato pretérito de que "toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra".

Isto evidencia a verdade de que, embora pecado adâmico tenha introduzido a corrupção na raça, cada indivíduo não é passivo, mas sim agente moralmente responsável por seu nível individual de corrupção.

Ou seja, o pecado adâmico não é a causa de toda a corrupção moral, ou de todas as mazelas humanas do passado e do presente, pois cada ser humano também faz escolhas morais, corrompendo-se, ou conservando-se moralmente íntegro.

"Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus" (v. 9).

A verdade acima é colocada em relevo pelo fato de Noé não ter acompanhado a corrupção geral da humanidade, escolhendo, antes, livremente buscar a Deus e se guardar da corrupção.

A Bíblia, contrastando o justo Noé e sua família, com a humanidade moralmente corrompida, realça, assim, a verdade de que não há justificativa no pecado de Adão (ou, mesmo, na corrupção da raça), para a nossa corrupção pessoal.

No entanto, cremos que o que guardou Noé da corrupção geral foi a sua fé em Deus, pois ninguém pode estar acima da moralidade da sua época, senão tiver uma fonte de transcendência espiritual.

Entendemos firmemente que somente Deus pode nos livrar do processo de degradação moral que opera na humanidade, por isto Jesus ensinou-nos a pedir, na oração do Pai Nosso, que Deus interviesse: "livrai-nos do mal".

Deste modo, ninguém tem condições de, exclusivamente por esforços próprios, vencer a corrente que arrasta a humanidade rumo a um estado de corrupção irremediável.

É como pensar que alguém poderia ultrapassar o oceano nadando, e não morrer afogado; passar por um lamaçal, e não se sujar; estar morto, e não degenerar o seu cadáver...   

Levítico

Capítulo 1

Deus dá instruções sobre como deveria se proceder o holocausto, que poderia ser holocausto de gado macho sem defeito (novilho), gado miúdo macho sem defeito (carneiro ou cabrito) ou de aves (rolas ou pombinhos). O ofertante colocava a mão sobre a cabeça da vítima para que fosse aceita a favor dele, para a sua expiação. O sangue era apresentado e aspergido ao redor sobre o altar.  

Capítulo 2

Deus dá instruções para a oferta de manjares, que poderia ser uma dos vários tipos de alimentos compostos de flor de farinha, ou grãos esmagados de espigas verdes, das primícias da colheita; azeite, incenso. O alimento não poderia ter entre os seus componentes fermento ou mel. Em toda oferta de manjares deveria haver óleo e sal.
Uma parte da oferta de manjares era oferecida ao Senhor sobre o altar, ou seja, era queimada como porção memorial ao Senhor. O restante da oferta de manjares era de Arão e de seus filhos.

Capítulo 3

O Senhor dá as instruções do sacrifício pacífico, que poderia ser de gado macho ou fêmea, sem defeito; de gado miúdo macho ou fêmea, sem defeito (cordeiro ou cabra). O ofertante colocava a mão sobre a cabeça do animal que estava oferecendo por si. O sangue era aspergido sobre o altar, em redor. Apenas algumas partes do sacrifício eram queimadas sobre o altar: a gordura que cobre as entranhas, os dois rins e a gordura que está sobre eles e junto aos lombos, e o redenho sobre o fígado e os rins. Todas estas partes eram queimadas sobre o holocausto, sobre o altar.

Capítulos 4,5 e 6.1-7

Deus dá instruções do sacrifício pelos pecados, diversos sacrifícios conforme o tipo de pecado cometido.
a) sacrifício pelo pecado (erros ou crimes dolosos, intencionais):
b) sacrifício pela culpa (erros ou crimes culposos, não intencionais):

Levítico 1. 5

"Depois degolará o bezerro perante o SENHOR" (Levítico 1.5). Deus não aceitava animal que tivesse morte por sufocamento como sacrifício. Isto se vê também em Gênesis 9.4: "A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis".

Primeiramente, é interessante entender que o animal deveria ser degolado e não decapitado. Neste tipo de morte, a cabeça do animal é tirado fora, naquele, que foi ordenado por Deus, não: somente era cortado as veias do pescoço e o sangue jorrava até o animal morrer. Falando espiritualmente, o cristão que se oferece em sacrifício a Deus não precisa abrir mão da sua racionalidade, pois temos também que amar a Deus com toda a nossa mente.

Notemos também que o animal não poderia ser morto por sufocamento (neste tipo de morte o sangue não é vertido e o animal morre por não poder respirar). Isto nos ensina que a nossa vida (figurada pelo sangue) deve ser oferecida a Deus e não retida para nós e que, quando nos oferecemos em sacrifício, deve haver o fluir do Espírito em nossa vida (o Espírito Santo é figurado pelo ar). É o Espírito que nos constrange, pelo seu amor, derramado em nosso coração, a nos sacrificar (Romanos 5.5) e que também levou a Cristo a se oferecer em sacrifício a Deus por nós (Hebreus 9.14).

Outra coisa importantíssima: os animais impuros eram excluídos da lista dos que poderiam ser oferecidos em sacrifício a Deus, pois somente animais considerados puros é que poderiam ser usados. "E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar" (Gênesis 8.20). Isto significa que Deus não aceita sacrifício de quem não nasceu de novo pela fé na sua Palavra.

A pessoa deve ser purificada pelo sangue de Jesus para ter a sua vida oferecida em sacrifício aceito por Deus. Portanto, quem evangeliza não deve começar por exigir grande sacrifício (como acontece em algumas seitas) do que crê na Palavra. Primeiro, deve-se levar a pessoa a conhecer o significado da pessoa de Cristo, da sua salvação na cruz e dos princípios bíblicos elementares, para somente depois levá-la a se oferecer totalmente em sacrifício a Deus.  

Levítico 2.5

De modo similar às outras três ofertas, que deveriam ser "sem defeito", a oferta de manjares deveria ser "sem fermento".

-> O fermento pode tipificar, na Bíblia, o pecado, conforme escreveu o apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo, em 1Coríntios 5.6-8:  "Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade".

-> O bolo representa o próprio ofertante (como o representa também as vítimas das outras ofertas em sacrifício - oferta em holocausto, oferta em sacrifício pacífico e oferta pelo pecado), na oferta de manjares, pois que o adorador deveria ser purificado do pecado.

-> O bolo sem fermento aponta para a pureza de Jesus, que é sem pecado. No entanto, segundo a Palavra de Deus, devemos nós limpar-nos também do fermento velho do pecado, "Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa". Isto para que a nossa vida não corra o risco de ser totalmente arruinada pela corrupção do pecado: "um pouco de fermento faz levedar toda a massa".

-> Se não nos purificarmos do pecado, somos impróprios para ser oferecidos a Deus em oferta aprazível e de comunhão bendita com Deus.

-> O incenso também tipifica a interseção contínua de Jesus por nós e que garante a aceitação das nossas ofertas e sacrifícios perante Deus. Incenso tipifica também a nossa oração ou interseção: "Suba a minha oração perante a tua face como incenso" (Salmo 141.2); "tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos" (Apocalipse 5.8). Nas nossas ofertas a Deus não pode faltar oração: "orai sem cessar". I Tessalonicenses 5. 17. 

Levítico 4. 23

Enquanto um príncipe que pecasse por ignorância deveria trazer um bode tirado de entre as cabras, uma pessoa comum do povo da terra deveria trazer uma cabra sem defeito (Levítico 4.22 e 27 com complemento de 4.23 e 28).

Isto aponta para o fato de a vítima representar o próprio ofertante, pois enquanto que o príncipe é alguém destacado entre o povo, o bode é um animal destacado entre as cabras. O bode, então, pode ser uma figura de liderança ou de autoridade. Os dois chifres do bode simbolizam autoridade espiritual e temporal. Além disso, o bode é conhecido por sua força e impetuosidade, denotando energia e imponência que deve caracterizar um líder.

Levítico 5

No capítulo 5, o versículo 2 (toque em corpo morto de criaturas imundas, quer de besta-fera, animal ou réptil) sugere o pecado do versículo 1 (testemunhar blasfêmia e não denunciar tal crime).
Já o versículo 3 (toque acidental em impureza ritual de homem/ser humano) sugere o pecado do versículo 4 (pronunciar juramento temerário).

Aqui, Deus trata de dois tipos de pecado e da restauração do que os cometeu. O primeiro pecado, o de testemunhar blasfêmia ou imprecação (pecado este tipicamente praticado por pessoa ímpia, sem comunhão com o Senhor/tipificada por animais impuros mortos) e não o denunciar; O segundo, o de pronunciar juramento temerário e não o cumprir (pecado a que estão sujeitos os membros do povo de Deus e participantes da Aliança).

Então, Deus sugere que são dois pecados (blasfêmia/imprecação e o juramento precipitado) praticados por sujeitos totalmente distintos: os filhos do Pai de família/homem (normalmente, membros do povo escolhido ou prosélitos conquistados entre as nações pagãs) e os ímpios/bestas-feras, animais ou répteis imundos (membros de nações pagãs ou pessoas não participantes do Concerto).

Perante Deus, um filho seu testemunhar uma blasfêmia e não denunciar (era enquadrado como crime no "código penal" da nação de Israel) e jurar precipitadamente e não cumprir (também era crime) são dois crimes com gravidade equivalentes, pois ambos os pecados são tratados da mesma forma com o mesmo sacrifício - holocausto e sacrifício pelo pecado (vers. 6-13).

Levítico 6. 12

"O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" (Levítico 6.12-13).

Nos versículos 12 e 13, se disse que o fogo arderia continuamente sobre o altar, não deveria se apagar, mas, entre as duas afirmações, Deus dá o segredo para que isto aconteça: o sacerdote deveria colocar lenha para que queimasse sobre o altar, deveria dispor em ordem o holocausto e deveria queimar a gordura das ofertas pacíficas.

Ao afirmar que o fogo arderia sobre o altar continuamente duas vezes, parece que o próprio Senhor se encarregaria de fazer a sua parte, fazer com que o fogo queimasse continuamente, tão somente os sacerdotes fizessem a sua parte, colocando lenha, dispondo em ordem o holocausto e queimando a gordura das ofertas pacíficas.

Enquanto o altar tipifica a cruz ou sacrifício, o holocausto é figura de integridade do ofertante em sua dedicação a Deus. A gordura das ofertas pacíficas aponta para o fato de entregarmos a Deus sempre o melhor das nossas energias, como oferta de gratidão e comunhão com o Senhor. A lenha é uma figura da Palavra de Deus e da nossa experiência com a Palavra. O fogo é uma figura do Espírito Santo que nos absorve no nosso servir a Deus, nos levando a uma entrega progressiva a Deus.

Portanto, se querermos que o Santo Espírito arda continuamente em nossas vidas, devemos: 1) Oferecer continuamente a integridade de nosso viver em sacrifício a Deus. 2) Ter continuamente um estudo sólido da Palavra de Deus e praticá-la em nossa vida diária. 3) Colocar o melhor das nossas energias a disposição do Espírito Santo.  

A estrutura de Levítico 6.12-13 nos lembra a estrutura de João 17.14-16:
"não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou" (João 17.14-16).
O Senhor Jesus faz, na sua oração sacerdotal, duas afirmações de que os seus discípulos não são do mundo, como Ele também não é (João 17.14 e 16) e, entre as duas afirmações (versículo 15), Ele dá o segredo para que continuemos a não pertencer a este mundo, que jaz no maligno: que Deus nos guarde do mal todos os momentos. Se Deus não nos guardasse do mal todos os momentos, seríamos pertencentes a este sistema corrupto de coisas. Graças a proteção de Deus é que somos diferentes deste mundo e que pertencemos ao Reino de Deus.

No entanto, para que Deus nos guarde do mal é importante observarmos os três requisitos acima para que o Espírito Santo arda continuamente em nossas vidas, ou seja, devemos: 1) Oferecer continuamente a integridade de nosso viver em sacrifício a Deus. 2) Ter continuamente um estudo sólido da Palavra de Deus e praticá-la em nossa vida diária. 3) Colocar o melhor das nossas energias a disposição do Espírito Santo.

Deus faz a parte dele de nos guardar do mal se nós fizermos a nossa de não nos deixar envolver pelas coisas pecaminosas deste mundo, que jaz no maligno. 

Levítico 7

"E a carne que tocar alguma coisa imunda não se comerá; com fogo será queimada; mas da outra carne, qualquer que estiver limpo, comerá dela. Porém, se alguma pessoa comer a carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, tendo ela sobre si a sua imundícia, aquela pessoa será extirpada do seu povo. E, se uma pessoa tocar alguma coisa imunda, como imundícia de homem, ou gado imundo, ou qualquer abominação imunda, e comer da carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, aquela pessoa será extirpada do seu povo. (Levítico 7.19-21)

As advertências sobre não se poder comer do sacrifício sem estar ritualmente impuro ("qualquer que estiver limpo, comerá dela"; "se alguma pessoa comer a carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, tendo ela sobre si a sua imundícia, aquela pessoa será extirpada do seu povo"; "se uma pessoa tocar alguma coisa imunda, como imundícia de homem, ou gado imundo, ou qualquer abominação imunda, e comer da carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, aquela pessoa será extirpada do seu povo") lembram as advertências sobre não se poder comer indignamente a ceia do Senhor em Coríntios 13. Em Levítico, se fala de morte física e, em Coríntios, fala de morte ou sono espiritual.

"Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis" (Levítico 7.23).
Se a gordura é figura das nossas melhores energias acumuladas, poderá significar que os obreiros não podem fazer dos crentes uma fonte de lucro, de satisfação de interesses pessoais. Se haver alguma contribuição, deve ser um sacrifício para Deus (toda a gordura era queimada sobre o altar) e sua obra e não para benefícios particulares (a Igreja não pode ser vista como um negócio). Não se pode confundir doações para a obra de Deus e para o sustento de pessoas que trabalham em tempo integral na obra de Deus com doações para particulares. Significa também que o melhor que temos deve ser oferecido a Deus. Somente Ele é digno de nossa adoração e devoção absoluta.

"Toda a pessoa que comer algum sangue, aquela pessoa será extirpada do seu povo" (Levítico 7.27).

Se o sangue é uma figura da nossa vida, a proibição de comer sangue pode significar que somente Deus merece que dediquemos completamente a nossa vida a Ele. Deus é o centro e o alvo da nossa existência. Um servo genuíno de Deus nunca levará o povo a sacrificar a sua vida para ele próprio e sim levará as pessoas a se consagrarem totalmente a Deus.

Levítico 9

Sacrifício Pelo Sacerdote: dado por Arão:
1.1) oferta pelo pecado: um bezerro;
1.2) holocausto: um carneiro.

Sacrifício Pelo Povo: o próprio povo o trouxe:
2.1) oferta pelo pecado: um bode;
2.2) holocausto: um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano;
2.3) oferta pacífica: um boi e um carneiro;
2.4) oferta de manjares: (flor de farinha?) amassada com azeite.

Arão fez o sacrifício primeiro por si mesmo (1.1 e 1.2); Depois, ele fez o sacrifício também pelo povo (2.1 ao 2.4). As ofertas de Arão e do povo simbolizavam eles próprios (as de Arão simbolizavam Arão e as trazidas pelo povo, o próprio povo), que estavam sendo oferecidos a Deus, por intermédio do sumo sacerdote Arão (os sacrifícios eram substitutivos).

O sumo sacerdote é uma sombra de Cristo, o Sumo Sacerdote perfeito, e o povo é uma sombra da Igreja, o novo Israel de Deus. Os sacrifícios também são sombra do sacrifício vicário de Jesus, oferecido por intermédio de si mesmo, o nosso Sumo Sacerdote perfeito, em sacrifício por nós (Jesus é o Cordeiro substitutivo de Deus, que tira o pecado do mundo, oferecido em nosso lugar).

Os tipos diferentes de vítimas são figuras de distintos aspectos do caráter de Cristo e do seu sacrifício perfeito:
-> O bode simboliza a liderança de Cristo, como o nosso Príncipe;
-> O bezerro e o cordeiro de um ano, a pureza e a mansidão do caráter de Cristo;
-> O boi representa Jesus como o Servo Sofredor (O boi tipifica o serviço  na obra de Deus, conforme ICoríntios9:9-10; ITimóteo 5:18). Aqui, Deus revelou, pelo seu Santo Espírito, ao apóstolo Paulo que, quando Deus se referia a boi no texto de Levítico, Ele estava fazendo, em verdade, uma alegoria de uma pessoa que trabalhava na obra de Deus e que deveria ser sustentada pelo povo de Deus);
-> A oferta de manjares representa Jesus como o trigo moído por nós e que nos alimenta espiritualmente, pois é o Pão da Vida.

Os sacrifícios, simbolizando também o próprio povo, eram dispostos em ordem sobre o altar; assim também nós - que somos o Israel de Deus -, pois devemos trazer o mortificar de Cristo em nossa carne, sendo obedientes a Deus e estando crucificados com Cristo.

A Benção de Arão ao Oferecer o Sacrifício:

Arão fez os sacrifícios, abençoou o povo, e, então, desceu - certamente, desceu do altar (Levítico 9.22). Isto simboliza o fato de Jesus ter oferecido o sacrifício pelos nossos pecados - não por si mesmo, pois era sem pecado - na cruz, tipificada pelo altar, e nos ter abençoado, depois o tiraram da cruz, ou seja, Jesus "desceu" da cruz.

A Benção de Arão e Moisés, Após Terem Entrado e Saído do Tabernáculo:

Depois, Arão e Moisés entraram no tabernáculo e saíram (Levítico 9.23) e, então, juntos, abençoaram o povo. Moisés e Arão tipificam a Cristo, cada um em um aspecto de seu ministério: Moisés tipifica Jesus como nosso Mediador e Arão tipifica-o como o nosso Sumo Sacerdote. 

Após terem saído do tabernáculo, abençoaram o povo, "a glória do SENHOR apareceu a todo o povo. Porque o fogo saiu de diante do SENHOR, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre as suas faces" (Levítico 9.23,24). Isto tipifica o fato de Cristo ter ascendido aos céus e ter entrado no "Lugar Santíssimo", o Tabernáculo Celestial, e oferecido o seu próprio sacrifício formalmente perante Deus e, após, nos abençoou e derramou o Espírito Santo sobre nós.

A Resposta de Aceitação do Sacrifício Dada Por Deus

Assim como o fato de Deus ter respondido com fogo e este ter consumido o sacrifício sinalizou a aceitação do sacrifício (e, por consequência, do Sumo Sacerdote e também do povo - também representados no sacrifício) pelo Senhor; o Pentecostes aponta para o fato de Deus ter aceitado o sacrifício de Cristo e o próprio Cristo como nosso Sumo Sacerdote e também para a aceitação da Igreja, em Cristo.

O Nosso Sacrifício Agradável a Deus

Devemos salientar que os sacrifícios oferecidos por Arão e os sacrifícios oferecidos pelo povo representavam tanto Arão como o povo. Isto implica em que Deus espera que nos ofereçamos também em sacrifício vivo, santo e agradável voluntariamente a Deus, como Cristo ofereceu a si mesmo (Conforme 1João 3.16). 

A Fulminação Devida ao Fogo Estranho

A história da fulminação por Deus de Nadabe e Abiú (Levíticos 10.1-7) lembra a história da fulminação de Ananias e Safira no livro de Atos, capítulo 5, versículos 1-11.

Assim como o fogo de Nadabe e Abiú era muito parecido com o fogo de Deus, que deveria ser tirado do altar acendido milagrosamente por Deus (Levítico 9.24), e Deus sabia que, no entanto, era um fogo estranho; também a doação de Ananias e Safira era muito parecida, aos olhos humanos, com as doações feitas pelos irmãos, mas Deus sabia que as doações feitas pelos cristãos primitivos eram movidas pelo Espírito Santo, por um sentimento de amor e generosidade (Atos 4.34-37), enquanto que a doação de Ananias e Safira foram feitas para eles próprios serem evidenciados diante da Igreja, foi oferecido com intenções impuras, estranhas ao Espírito que atuava na Igreja Primitiva.

O mesmo fogo que veio sobre o altar como prova de aprovação e recebimento da oferta foi também o que em demonstração de juízo fulminou Nadabe e Abiú; o mesmo Espírito Santo que veio sobre a Igreja Primitiva como prova de aceitação da Igreja devido ao sacrifício de Cristo foi o mesmo que executou juízo contra Ananias e Safira, por tentarem o Espírito do Senhor.

Os Sacerdotes Ungidos

É de notar que, assim como a Igreja formada dos ungidos do Senhor (o Espírito Santo havia descido sobre toda a Igreja), os sacerdotes que oficiavam perante Deus haviam sido ungidos também (Levítico 10.7) para o ofício sacerdotal.

Os Encarregados de Retirar os Mortos do Lugar Santo

Assim como os jovens Misael e Elsafã tiraram Nadabe e Abiú para fora do tabernáculo (Levítico 10.4,5); na Igreja Primitiva, os jovens vieram e tiraram Ananias e Safira para fora do lugar onde a igreja congregava (Atos 4).

Capítulo 10

"E falou o SENHOR a Arão, dizendo: Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; E para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, E para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por meio de Moisés" (Levítico 10.8-11).

Uma das principais funções dos sacerdotes era distinguir o santo do profano e o imundo do limpo e, depois, realizar outra importante missão: ensinar ao povo de Deus todos os estatutos que o Senhor lhes tinha mandado. Então, Deus proibiu que eles ingerissem vinho ou outra bebida forte, para que estas duas funções sacerdotais fossem desempenhadas com perfeição.

Se os próprios sacerdotes não discernissem entre o que é santo do que é profano e entre o que é puro do que é impuro, como ensinariam o povo de Deus a discernir estas coisas? Se eles próprios não entendessem os estatutos de Deus de uma forma plena, como ensinariam ao povo da aliança estes estatutos? Se os seus sentidos estivessem inebriados com alguma substância inebriante, não poderiam desempenhar o seu ministério sacerdotal com perfeição, conforme a santa vontade do Senhor e, por isso, Deus os proibiu perpetuamente beber alguma bebida que anestesiasse a sua mente e que impedisse os seus sentidos de funcionarem perfeitamente.

Nós temos que conservar-nos sóbrios e em estado de vigilha em todo o tempo para entendermos a vontade santa de Deus e para ensinar o povo de Deus a distinguir o que agrada a Deus do que não lhe agrada.

Quanto a primeira função, o discernir o imundo do limpo (os animais ritualmente impuros dos ritualmente impuros) é uma figura simbólica do discernir entre o santo do profano (discernir o verdadeiro piedoso, ou verdadeiro adorador, do profano, falso adorador ou pagão). Tanto os animais impuros são figuras das pessoas.

Por mais que não saibamos o significado de cada um deles, o NT dos dá alguns indícios do que significam espiritualmente: o porco tipifica a pessoa não nascida de novo, que tem a velha natureza e que se deleita no lamaçal do pecado e que, segundo o Senhor Jesus, não valoriza as coisas santas (O Espírito Santo inspira o apóstolo Pedro a comparar as pessoas que, por mais que tenham estado algum tempo na igreja e tenham tido uma aparência de santidade exterior, voltam a se revolver no pecado, pois foram lavadas somente superficialmente).

Outro animal impuro, o cão, tipifica aquela pessoa, não nascida de novo, que vomita as coisas deste mundo por reconhecer que lhe estavam fazendo mal, voltam a absorvê-las em seu viver (Figura que também é usado por Pedro para nos ensinar que pode haver pessoas em nosso meio que venham a ter alguma convicção intelectual da prejudicialidade do pecado, deixando de fazer algumas coisas, mas que torna a praticá-las por não ter tido um arrependimento de todo o coração). Além disso, o Senhor Jesus nos advertiu para que não déssemos aos cães as nossas pérolas que guardamos com tanto carinho, pois nos foram reveladas pelo nosso Deus.

Então, se analisamos os hábitos de tais animais impuros, podemos tirar lições espirituais e aprender a discernir entre puro e o impuro, entre o verdadeiro adorador e o falso adorador. Eis a vontade de Deus para os que ministram perante o Senhor: Devemos entender profundamente o significado dos estatutos de Deus e ensinar para a Igreja do Senhor e procurar levar as pessoas que estão em nosso meio a um arrependimento genuíno dos seus pecados e a uma fé viva no Senhor Jesus Cristo, para que venham a ser gerados pela Palavra da Verdade (Tiago 1.18), sendo novas criaturas em Cristo Jesus.

Desse modo, ao invés de "porcos", de "cães", elas serão "ovelhas" do rebanho do Bom Pastor, Jesus de Nazaré, que morreu pelas suas ovelhas e que hoje vive e nos guia ao aprisco celestial.

Levítico 10. 2

Em Levítico 10.12, Moisés ordenou Arão e seus filhos comerem a sua parte das Ofertas de Manjares (vs.12-13), dos Sacrifícios Pacíficos (v.14), da Oferta pelo Pecado (vs. 15-16). Não do Holocausto, pois esta oferta era para ser queimada inteiramente ao Senhor e nenhuma porção desta era comida por Arão e nem por seus filhos. No entanto, ao perceber que a Oferta pelo Pecado (um bode, v.16) havia se queimado sem que Arão e seus filhos tivessem comido a sua porção desta oferta (o que era o seu dever, como sacerdotes), Moisés se indignou, por isto, contra Arão e contra seus filhos.

Cada uma das vítimas oferecidas em sacrifício se referia a um aspecto da pessoa de Cristo, como já dissemos. O ato de comer das ofertas significa, espiritualmente, discernir por inteiro o significado do sacrifício de Jesus por nós. Implica em entendermos o caráter de Cristo e o assimilarmos em nossa vida. Neste sentido, nas instruções paulinas, na carta aos Coríntios 11, sobre a Ceia do Senhor, ele diz que quem come e bebe indignamente do corpo e do sangue do Senhor Jesus, bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Portanto, comer o pão aponta para algo mais do que apenas ingerir materialmente um alimento: o comer do pão aponta para o ato de assimilarmos o próprio Senhor Jesus em nossa vida.

Portanto, na indignação de Moisés pelo fato de Arão e de seus filhos não terem comido sua parte do sacrifício pelo pecado podemos vislumbrar a ira de Deus por não discernirmos ou assimilarmos o Senhor Jesus em nossa vida e o seu sacrifício por nossos pecados. E isto se agrava em nosso caso, nós que somos obreiros na casa de Deus, pois temos o dever de discernirmos a Cristo, assimilando em nós seu caráter, e também temos o dever de ajudarmos os nossos irmãos a fazer o mesmo. Isto também se prefigura pelo fato de Moisés lembrar Arão que ele e seus filhos deveriam levar "a iniquidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do SENHOR?". (v.17). Deste modo, analogamente, a tarefa de Jesus de "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1.23) é também estendida a nós, que temos o dever de levar o povo a fazer valer o sacrifício do corpo de Cristo despedaçado e o seu sangue vertido por nós.

Discernimos o sacrifício do Senhor Jesus em seu significado total quando entendemos a santidade, a justiça, o amor de Deus, em suma a sua perfeita natureza (aspectos que podemos vislumbrar no sistema de sacrifícios do AT e que podemos ver mais nitidamente no NT, com o sacrifício de Cristo), deixando o Espírito Santo imprimir em nós essa natureza, e também quando entendemos a gravidade do pecado, pois este foi condenado na cruz, pois na cruz o amor e a justiça se encontram e se abraçam.

Levítico 15

OBS 1:

Em Levítico 15, fala:
a) da impureza da mulher e do homem por fluxos contínuos emitidos por seus órgãos sexuais (patologias ou enfermidades que poderiam durar muito tempo).
b) também da impureza da mulher, devido à menstruação e da do homem, devido à emissão de sêmen.

c) da impureza causada pelo contato com os fluxos contínuos decorrentes de enfermidades (contagiosas);

d) da impureza causada pelo contato com o sangue decorrente da menstruação e com sêmen. 

A impureza cerimonial do homem devido ao fluxo contínuo é descrita a partir do versículo 2. O homem que tivesse fluxo da sua carne seria imundo todo o tempo que o tivesse.  A impureza cerimonial da mulher é descrita a partir do versículo 25. A mulher, quando tivesse o fluxo do seu sangue, seria imunda todo o tempo em que perdesse o sangue (eram impurezas que eram análogas ou co-respectivas em ambos os sexos).

Os dois casos se referem a fluxos contínuos e a pessoa que sofresse de um dos dois, o homem, do fluxo seminal, e a mulher, do fluxo de sangue, seriam imundos todo o tempo do fluxo. Ambas as situações são casos fora da normalidade e seriam como que uma extensão por tempo indefinido da impureza cerimonial causada pela emissão de sêmen pelo homem (vs. 16-18) e da emissão de sangue, na menstruação, pela mulher (vs. 19-24).

As impurezas das emissões normais eram de apenas um dia, tanto no caso do homem que liberava sêmen e da mulher que tinha fluxo da menstruação, quanto das pessoas que tocassem na mulher menstruada (a mulher ficava impura sete dias por ter o fluxo menstrual de três dias) e no sêmen masculino. Todas estas pessoas se purificavam com apenas um banho.

As impurezas dos fluxos contínuos (tanto do homem, quanto da mulher) eram pelo tempo que durassem (podia até ser pela vida toda, se não fossem curados) mais sete dias para a sua purificação e, após os sete dias, era ainda requerido o sacrifício de expiação pelo pecado e um holocausto (vs. 14-15 e vs. 29-30).

Para se entender melhor o significado espiritual da impureza do fluxo contínuo, seria bom conhecermos mais dados sobre tais fluxos, pois ainda sabemos pouco sobre eles.

Para entendermos o significado da emissão de sêmen e da emissão de sangue da menstruação, lançaremos mãos de alguns conhecimentos sobre tais emissões:
No caso da menstruação, o útero da mulher se prepara para receber o óvulo fecundado pelo espermatozóide (o bebê em formação) em uma das trompas uterinas e, se a fecundação não ocorrer em tempo hábil e o óvulo não for fecundado, as paredes do útero são desmanchadas progressivamente e formam o fluxo de sangue da menstruação.

No caso da ejaculação, os espermatozóides que não fecundaram o óvulo irão compor o líquido seminal, ou seja, a emissão de sêmen. No caso da impureza causada pela emissão de sêmen e no da emissão sanguínea da menstruação, bastava um simples banho de água e ainda havia impureza da pessoa até à tarde.

Nos dois casos, há uma perda de material, potencialmente, gerador de vida, o óvulo da mulher e os espermatozóides do homem. Além disso, há a perda de líquidos vitais tanto da mulher quanto do homem.

As duas emissões geravam uma impureza cerimonial que aponta para a corrupção geral de todo o gênero humano, desde as sementes germinativas do homem e da mulher ou para uma perda de vida, a qual é ocasionada pela pecaminosidade geral do homem, como também da mulher (ou a impureza era devido à corrupção da natureza humana e, ainda, à perda de vida decorrente desta corrupção, ao mesmo tempo).

Esta última alternativa, talvez seja a mais adequada, visto não precisar haver sacrifício para a emissão de sêmen e para a menstruação e bastava um banho de água (representa a restauração da natureza humana pela Palavra de Deus) e um pequeno tempo, até à tarde (podendo representar o intervalo de tempo para a assimilação da Palavra). Esta seria a purificação para os que já receberam o perdão dos pecados por Jesus, "vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho dito", e não precisam senão "lavar os pés", sujeira esta fruto de nosso andar nesta Terra .

Já, no caso do fluxo contínuo do homem e no fluxo contínuo da mulher, podem representar uma corrupção mais grave (O fluxo do homem é traduzido por gonorréia - doença venérea grave - em algumas traduções; o fluxo da mulher pode ser, provavelmente seja, também alguma doença sexual). Denota um perder contínuo de sangue, ou de vida (que tem por causa uma corrupção permanente do organismo), que ameaça a existência física e pode ser figura de uma perda de vida espiritual que põe em risco a salvação da pessoa. Neste caso, é necessário a pessoa ter um novo encontro pela fé com Jesus, com genuíno arrependimento [lembrar da cura da mulher com fluxo de sangue, que resolveu ir ter com Jesus e tocar na orla de sua veste para ser curada. Obs.: As vestes simbolizam, na Bíblia, a justiça]. Os sacrifícios feitos para a purificação dos fluxos representam a justiça de Cristo alcançada na cruz por nós. Quem era tocado por alguém com fluxo ficava impuro até à tarde, e Jesus ficou imundo (maldito) até à tarde, ao ser retirado do madeiro a maldição cessou.

O preço que Jesus pagou na cruz é o suficiente para nos restaurar a nossa natureza adâmica decaída, até termos a natureza perfeita de Cristo, e para nos dar vida espiritual abundante, impedindo que continuemos a perder vida e, decorrência disto, nos debilitar até à morte espiritual. 

OBS 2:

Há dois tipos de impurezas: a impureza contínua e a impureza esporádica ou ocasional. Na primeira, o homem ou a mulher era a fonte de impureza, pois o fluxo emanava do seu organismo enfermo continuamente. Na segunda, o homem e a mulher entraram em contato com emissões de algum impuro, ocasionalmente, acidentalmente.

No primeiro caso, a pessoa era impura, no segundo, a pessoa se tornou impura. No primeiro, nem todos os banhos do mundo a purificariam, no segundo bastava um banho, aguardando até à noite, e poderia ser limpa.

Neste sentido, Jesus disse, tendo lavado os pés dos discípulos, que bastava eles lavarem os pés, pois o mais tudo já estava limpo. No entanto, o mesmo não acontecia com Judas, que continuava sujo, mesmo Jesus tendo lavado os pés dele. No caso dos discípulos, a "sujeira" era acidental, devido ao fato de palmilharem esta terra. No caso de Judas, como ele não tinha uma purificação interior e continuava sendo a velha criatura, era fonte de impureza, sendo a sua impureza permanente. 

Levítico 17

"E nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, após os quais eles se prostituem" (Levítico 17.7).
Todo animal abatido pelos membros do povo de Israel deveria ter seu sangue oferecido ao Senhor como sinal de que a pessoa que o sacrificava reconhecia que Deus era o dono de toda a vida. Caso a pessoa não fizesse este gesto, estaria sob suspeita de estar sacrificando aos demônios.

Ou servimos a Deus de forma inequívoca, ou poderemos estar servindo aos demônios. Precisamos reconhecer a soberania do Senhor em todos os aspectos da nossa vida.

Levítico 18

"Porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada. Para que a terra não vos vomite, havendo-a contaminado, como vomitou a nação que nela estava antes de vós" (Levítico 18.27-28).

Aqui, vemos que Deus não faz acepção de pessoas: se os israelitas pecassem como os povos pagãos, como eles também seriam castigados. Isto também vemos nas impurezas causadas pelos fluxos do homem e da mulher no capítulo 15. Ou seja, enquanto aqui vemos a imparcialidade de Deus ao tratar com os povos, lá vemos a imparcialidade de Deus ao tratar com o homem e com a mulher.     

Levítico 19

"Não farás injustiça no juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o teu próximo" (Levítico 19.15).

Aqui se vê a imparcialidade de Deus para com pobres ou ricos, ambos deveriam ser tratados de forma idêntica.
    

"Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus" (Levítico 19.34).
Aqui, vemos a imparcialidade de Deus para com os nacionais de israel e para com os estrangeiros.

Levítico 20

"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" (Levítico 20.10).
Mais uma vez: Deus trata da mesma forma o homem e a mulher. Ambos morreriam se adulterassem.

Levítico 21

"Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus" (Levítico 21.21).

O ser humano foi criado para ter perfeição, tanto física, como espiritualmente. Os defeitos físicos implicavam em uma impureza cerimonial, pois apontam para a verdade espiritual de que Deus exige perfeição espiritual dos seus adoradores. Isto aponta para a perfeição de Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, e para a perfeição que todos devemos buscar em Cristo. 

Levítico 22

"Quando nascer o boi, ou cordeiro, ou cabra, sete dias estará debaixo de sua mãe; depois, desde o oitavo dia em diante, será aceito por oferta queimada ao SENHOR" (Levítico 22.27).

Antes de o bezerro, o cordeirinho ou a cabritinha serem oferecidos em sacrifício deveriam ficar em baixo da mãe por sete dias. Ou seja, deveriam mamar primeiro, durante sete dias e, somente após, poderiam ser oferecidos voluntariamente ao Senhor em sacrifício.

Ao começar estudar o livro de Levítico pelas madrugadas (com certeza, pelo chamado do Senhor) e aprender com o Espírito Santo os mistérios da santificação e de como agradar a Deus com o sacrifício, convidei um jovem que havia ganho para Jesus e que se interessava muito pelas coisas espirituais. No entanto, veio umas duas vezes e, depois, parece que não teve mais vontade de vir e eu não entendi o porquê. Então, continuei estudando o livro de Levítico, meio triste e pensando que estava sozinho para estudar a Palavra, por que ninguém se interessava pelo estudo. Hoje, antes de dormir estudei até mais ou menos lá pelas uma e, de cansado, dormi. Acordei esta hora (na verdade, tenho a convicção de que foi Deus que me acordou para falar comigo), quase três e meia (Data: 27/7/2010 - Hora:03:49:11), recebi uma revelação que, creio, irá mudar radicalmente o meu ministério. Li este versículo antes de dormir e fiquei pensando: porque Deus proibiu de fazer sacrifício antes do oitavo dia? Não entendia e perguntei a Deus, sem resposta. Acordei com uma revelação especial de Deus.

A vítima para o sacrifício simboliza o próprio adorador. Isto eu já sabia. A vítima para o sacrifício deveria ser um animal puro e isto apontava para o novo nascimento e que somente alguém nascido de novo poderia ser oferecido em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Animal impuro, porco ou cachorro, por exemplo, Deus não aceitava e isto aponta para o fato de que Deus não quer sacrifício de quem não nasceu de novo pela fé em Cristo. Isto eu já sabia.

O que eu não entendia (ou parece que desconsiderei, pois já tinha lido em outras partes sobre a existência de crianças espirituais, nas cartas do apóstolo Paulo e do apóstolo Pedro) é que, antes de dar ao novo convertido, ovelhinha do pasto do Senhor, alimento mais sólido, levando-o a se oferecer em holocausto, sacrifício total, a si mesmo, deve-se primeiro dar-lhe leite espiritual por algum tempo.

Este foi o entendimento que Deus me deu de madrugada: Não se leva novo convertido a ter atitudes que Deus espera de pessoas mais maduras espiritualmente, estudar Levítico, por Exemplo, principalmente se entrarmos em assuntos mais profundos.

Em 1 Pedro 2.1, o apóstolo fala para neófitos na fé "desejai como crianças recém nascidas o leite genuíno espiritual para que vades crescendo. Se é que já provastes que o Senhor é bondoso". Ou seja, após a pessoa provar que Jesus é bondoso, por intermédio de crer na sua morte por amor de nós na cruz, ela deve começar um período de tempo tomando o leite espiritual, para, após, ser absorvida totalmente na adoração integral (o "holocausto") voluntário.

Então, devemos, sim, levar os discípulos a sacrificar as suas vidas a Deus, mas, primeiro a pessoa deve tomar um leitinho espiritual. A mãe do bezerro, cabritinho ou ovelhinha, é figura da pessoa que o ganhou para Cristo (o "gerou" pelo evangelho, conforme Tiago 1.18) e que deve tratá-lo afetuosamente e levá-lo a conhecer a Jesus de forma amorosa e interessante, com paciência maternal e com muito cuidado e proteção espiritual pela oração. Não dando leite demais para que não venha "regurgitar" e ajudando-lhe crescer na graça e no conhecimento gradativamente e com muito amor.

Então, entendi que estava agindo errado no meu discipulado, pois estava compartilhando alimentos profundos com o meu novo discípulo que tinha nascido de novo pela fé em Jesus a seis meses apenas, enquanto Deus estava me levando a mim, que tenho mais de dez anos de fé, a entender coisas mais profundas no livro de Levítico (com certeza, alimento espiritual mais sólido do que leite). Creio que Deus me puxou a orelha e me mostrou que devo levar o novo convertido a tomar leite por uns "sete dias", talvez isto signifique sete meses ou sete anos, ainda não sei, para depois levá-lo para o altar em sacrifício.

Nem todos os crentes, genuínas ovelhas nascidas de novo, estão ainda preparadas para uma exigência muito grande na vida cristã. Não podemos exigir de recém nascidos espiritualmente o que exigimos de crianças, jovens ou adultos espirituais. Devemos buscar de Deus o discernimento do que é apropriado para cada fase da vida espiritual de alguém que se converteu a Deus.

Levítico 23

"No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; Mas sete dias oferecereis oferta queimada ao SENHOR; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis" (Levítico 23.7-8).
Entre as duas afirmações de que haveria duas santas convocações, uma no primeiro dia e outra no último dia da Festa dos Pães Asmos, há a afirmação de que nos sete dias haveria de haver o oferecimento de holocausto, "oferta queimada", ao Senhor.

Para que não sejamos escravos do pecado, pois o pecado é um trabalho servil, próprio de quem não é livre ou liberto por Deus, é preciso haver um oferecimento integral e diário da nossa vida a Deus, como sacrifício vivo, santo e agradável.

Este entendimento se confirma pelo fato de Deus ordenar que nos sete dias da festa os israelitas comessem pães asmos: "sete dias comereis pães ázimos" (versículo 6), ou seja, pães sem fermento. Como já afirmamos, o fermento é figura do pecado ou da corrupção. O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, diz: "Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade" (1Coríntios 5.6-8).

O sacrifício do cordeiro, tendo o seu sangue passado nos umbrais das portas das casas, e a ordem de os israelitas comerem a sua carne com ervas amargosas com seus familiares e amigos, dentro da sua casa, simboliza o sacrifício de Cristo, para o nosso livramento do juízo de Deus pelos nossos pecados. As ervas amargosas tipificam os sofrimentos de Cristo por nós. O ato de eles comerem o cordeiro aponta para o querer de Deus de que venhamos discernir e assimilar em nós a virtude e as qualidades de Jesus, manifestadas na cruz. 

Na noite em que saíram do Egito, ao passar o anjo do juízo e ver o sangue do cordeirinho nas portas, passou por cima e poupou os primogênitos israelitas. Cristo, o primogênito de Deus e Cordeiro de Deus, morreu em nosso lugar, a Igreja dos primogênitos, conforme Hebreus 12.23, para que não fôssemos alvo do juízo de Deus, junto com o mundo (prefigurado pelo Egito).

No entanto, temos o dever de celebrarmos uma festa santa a Deus, após termos deixado o mundo pecaminoso. Esta festa deve ser sem o fermento do pecado (sem realizar nenhuma obra típica de escravo do pecado), do começo ao fim da nossa festa ao Senhor. Para obtermos êxito nesta vida santa, é necessário vivermos uma vida de sacrifício abnegado, de santificação constante, o nosso "holocausto diário ao Senhor" ("quem é santo, santifique-se ainda", Apocalipse 22).

No entanto, quando falhamos, o holocausto tipifica também o perfeito e completo sacrifício de Jesus que não somente garante a nossa saída da escravidão do pecado (o cordeiro pascal), como também garante que não venhamos ser escravos outra vez, durante "os sete dias", voltando a cometer "obras servis", que fazíamos quando estávamos no Egito, ou seja, sob o domínio da escravidão do inimigo (tipificado em Faraó) e do pecado.

Na festa da Páscoa, era oferecido o cordeiro pascal (oferta pelo pecado). O cordeiro tipifica o perfeito sacrifício de Jesus pelos nossos pecados, para nos livrar da escravidão do pecado e do juízo divino.

Nos sete dias da Festa dos Pães Asmos era oferecido uma oferta queimada todos os dias (oferta do holocausto). O sacrifício de Jesus nos permite que tenhamos graça para vivermos uma vida consagrada a Deus do começo ao fim da nossa caminhada cristã, sem estarmos mais na escravidão do pecado.

Na festa das primícias, era oferecido também um cordeiro de um ano, sem defeito, em oferta de holocausto. O apóstolo diz que o Cristo ressuscitado é "as primícias" dos que dormem e que também serão ressuscitados por Ele. Então, o cordeiro de um ano pode simbolizar o seu sacrifício perfeito na cruz e a sua própria ressurreição.

Na Festa das Semanas ou Festa da Colheita, eram oferecidos sete cordeiros sem defeito, de um ano; e um novilho, e dois carneiros (todos em holocausto); a oferta de manjares; um bode (oferta por expiação pelo pecado); dois cordeiros de um ano (sacrifício pacífico). Se Cristo é "as primícias" da colheita, a colheita tipifica nós, os salvos que iremos ressuscitar (Estes sacrifícios tipificariam, então, nós mesmos, oferecidos em sacrifício a Deus, por intermédio do corpo de Cristo, nosso Sumo Sacerdote). 

Aqui, os sacrifícios podem simbolizar o sacrifício substitutivo de Jesus pelo seu povo. Os sete cordeiros (simbolizando sua inocência perfeita, impecabilidade), o novilho (simbolizando o fato de que Jesus não estar sob o jugo da servidão do pecado, pois foi, e é, perfeitamente isento dele - se fosse um boi o sacrifício, apontaria para o trabalho, para a servidão ou escravidão), os dois carneiros (podendo simbolizar a perfeita sinceridade e verdade de Cristo). A oferta de manjares, o louvor e a dependência completa de Jesus ao Pai. O bode simbolizando o sacrifício de Cristo, o nosso Príncipe e Autoridade Suprema. Os dois cordeiros, em sacrifício pacífico, de um ano podem significar a paz e a comunhão de Jesus com o Pai.

No entanto, todos estes sacrifícios podem simbolizar as mesmas bênçãos, ou qualidades, que Jesus tinha e que são concedidas a nós ainda hoje, pelos méritos do sacrifício perfeito de Jesus por nós.    

Deuteronômio

Deuteronômio 22

A Razão da Lei a Respeito da Comprovação da Virgindade:

A prova da marca de sangue nas vestes nupciais, a previsão de uma possível indenização de cem siclos de prata do marido ao pai da moça, por futura falsa acusação em relação à honra desta, e a punição em caso de sua culpa, são todos elementos que criavam uma cultura de valorização da virgindade.

A lei foi projetada, de forma a vincular, tanto os pais, quanto a própria moça, a conservarem a integridade sexual desta. O pai tinha o interesse de conservar a virgindade da filha, para obter a futura prova, na noite de núpcias da sua filha. A filha tinha também o interesse, pois poderia ser futuramente punida. A mãe também, pois provavelmente não desejaria ver possível futura punição de sua própria filha.

A lei tinha um papel pedagógico na vida social, pois devia ser ensinada desde tenra idade. Devido a importância social da virgindade, o pai da menina tinha o dever moral/legal/religioso de conservá-la virgem, pois deveria apresentá-la virgem ao seu esposo, no dia do casamento.

Esta lei divina tinha, como uma de suas consequências, o efeito salutar de proteção da infância e da adolescência, com relação a evitar envolvimento sexual precoce, no próprio âmbito doméstico. Desestimulava, pois, os abusos sexuais infantis, evitando os terríveis traumas decorrentes deles.

A lei envolvia a família na conservação da integridade da criança, envolvia o futuro esposo, que certificaria que não houve violação da integridade sexual da moça, na sua infância e adolescência, e a sociedade, que seria a fiscal de todo o processo.

OBS.: Talvez, do fato de o pai da moça ter o ônus de prova, por meio da apresentação das vestes com os sinais de virgindade, possa se inferir que a primeira noite de núpcias era na casa dela (daí, a cama e os lençóis,  estes provavelmente brancos, seriam postos pelos pais da noiva), para só depois o esposo a levar para a sua própria casa.

Existem algumas culturas em que o noivo, ou o pai, da moça apresentam as evidências aos convivas, após a relação sexual, as quais seriam testemunhas da honra da moça.

"achar na cidade" (v.23); "no campo achar uma moça" (v.25)

Na cidade, onde havia muitas pessoas prontas impedir o crime e socorrer a vítima (o pressuposto é a comunidade solidária de um estado teocrático), a vítima tinha o dever de gritar por socorro, pois isto cooperaria para provar o crime e punir o criminoso. É possível que houvesse algum risco para a mulher em gritar, mas isto não a eximia do dever de reagir. 

No campo, a mulher não era tida por culpada, pois não havia a possibilidade de reagir muito energicamente, devido a inexistência de pessoas por perto.

Se alguém fosse acusado de estupro, deveria haver provas materiais de resistência da mulher ("gritos", com testemunhas que acorressem rapidamente ao local em decorrência destes, ou, analogicamente, marcas resultantes da violência sexual).

No julgamento, os juízes deviam ter, ainda, em conta a possível culpa da vítima, pois, às vezes, uma aparente vítima podia ser, em verdade, co-autora, ou mesmo autora, do crime (Ex. No caso da mulher de Potifar, a adúltera - ou estupradora - acabou por vítima, e a vítima - José - acabou por agressor).

O fato de gritar por socorro era um indício de resistência, afastando a hipótese de conivência, ou de possível simulação de estupro (Imagine-se o caso de adultério em que a mulher colocasse a culpa exclusivamente no homem, acusando-o falsamente de estupro, para ela sair ilesa).

Isto tendo em conta que, no caso de estupro - que pressupõe involuntariedade, resistência da mulher - só o homem era responsabilizado; Já, no caso de adultério, ambos eram culpados e, portanto, responsabilizados. Portanto, era importante haver distinções claras entre uma conduta e outra, com vistas em evitar erros judiciais, daí da importância dos gritos ou evidências materiais da resistência. 

Como a lei era ensinada a todos, as moças eram ensinadas do dever de gritar por socorro, em casos como estes. Como não havia armas de fogo na época, facilmente poderiam alguns homens imobilizar o agressor, e este, então, viria a ser punido.

Este procedimento ensinado por Deus tornava quase inexistente a possibilidade de alguém tentar praticar algum estupro, sem ser descoberto. Além disto, para inibir tal crime, a pena era de morte.

Capítulo 31

"Porque introduzirei o meu povo na terra que jurei a seus pais, que mana leite e mel; e comerá, e se fartará, e se engordará; então se tornará a outros deuses, e os servirá, e me irritarão, e anularão a minha aliança" (Deuteronômio 31.20).
Deus prevê aqui que o povo de Israel iria se afastar dele em tempos de fartura e de prosperidade. O Senhor nos ensina que a prosperidade material pode trazer consigo tropeços e perigos. Logo, devemos ter um cuidado muito grande com as riquezas pois a Palavra nos alerta de que "a vida de um homem não consiste na abundância de bens materiais que possui" (Jesus).

"então se tornará a outros deuses, e os servirá, e me irritarão, e anularão a minha aliança" (Deuteronômio 31.20).
Alguém quebra ou anula a sua aliança com Deus quando deixa de seguí-lo e segue a outros deuses. Se deixarmos de seguir o Espírito Santo e a Palavra de Deus, e seguirmos o engano e outro espírito estranho, estamos anulando a aliança que Deus fez conosco por intermédio de Cristo e do seu sangue e já não gozamos do perdão e da graça que são destinadas aos que entraram em Aliança com Deus. 

"porquanto conheço a sua boa imaginação, o que ele faz hoje, antes que o introduza na terra que tenho jurado" (Deuteronômio 31.21b).
Deus não está aqui neste texto (16-21) dando embasamento à doutrina da predestinação, pois Ele estava prevendo o futuro do povo de Israel pelos seus desígnios, que os israelitas tinham naquele momento, antes de entrar na terra prometida, e que os levariam a se afastar de Deus, inevitavelmente, após entrarem em Canaã. Quando o homem começa a trilhar um caminho, Deus, pela sua onisciência, já sabe onde este caminho vai dar. Isto não quer dizer que o povo de Israel era predestinado por Deus, a continuar no caminho para o qual apontava os seus desígnios. Eles próprios, com o seu proceder presente e pelos seus desígnios é que estavam traçando o seu futuro. Deus, por intermédio do cântico passado a Moisés (o qual transmitiu aos descendentes dos israelitas) estava tentando interferir nos desígnios do seu povo, sem, contudo, anular o seu livre-arbítrio.  


Josué

Capítulo 2

1º Comentário:

Raabe fez uma declaração de fé no Deus de Israel (vs. 9-14), sendo ela o meio pelo qual os representantes do reino de Deus tiveram proteção no território inimigo. Não foi a sua mentira (v. 5) que a salvou, o que a salvou foram: A) a sua fé no Deus verdadeiro (v.11b); B) o seu ato de aderir ao reino de Deus; C) e o juramento feito a ela pelos espias (na verdade, houve uma aliança entre ela e os espias, vs. 12-14, para pouparem a sua vida). Portanto, o Raabe não foi salva por causa da sua mentira, mas foi salva, apesar da sua mentira.

2º Comentário:

Os espias que entraram naquela cidade pagã eram ministros do Reino de Deus, representavam o próprio Deus. Note-se que os espias disseram que a suas vidas seriam pela vida de Raabe e de sua família (o seu sangue), no vs. 14 e 19. Assim, os espias simbolizam a Jesus, que deu a sua vida por nós, que ficou três dias morto, ressuscitou e fez uma Aliança eterna conosco, pela qual nos integrou ao povo de Deus e nos livrou da morte espiritual.

O fio vermelho (fio de escarlata) pendurado na janela de onde a prostituta Raabe deu o escape aos espias simboliza a Aliança, o juramento, de que, ao aceitarmos a Cristo em nossas vidas, crendo em sua morte e vitória sobre a mesma (vitória do Reino de Deus sobre o mal), seremos salvos da morte e destruição eterna. A marca dada, sob a inspiração divina, pelos espias lembra a marca do sangue nas portas do povo de Deus, na noite da saída do Egito, marca que livrou os israelitas do juízo divino.

Raabe e a sua família simbolizam os pecadores salvos e redimidos por Deus pela Aliança eterna no sangue de Cristo. A noite em que os espias estiveram com Raabe lembra a santa ceia, noite em que Jesus fez a Nova Aliança no seu sangue conosco. Assim, a casa de Raabe e a sua família, simbolizam a igreja salva do mundo e integrada no povo de Deus (Raabe se tornaria um ilustre membro do povo de Deus e ancestral de Davi e de Jesus Cristo).

Os três dias que os espias ficaram escondidos, até que não houvesse perigo algum no caminho e eles pudessem transcorrê-lo em segurança, simboliza os três dias da morte de Cristo. É a sua morte que nos livra de todo perigo e dos nossos inimigos que estão pelo caminho da vida. Se estamos "mortos" para o mundo em Cristo, o mal não pode nos achar, pois estamos escondidos em Cristo.

Capítulo 3

O Jordão é figura da morte e o fato de eles passarem sem se molhar simboliza a nossa vitória sobre a morte.
A arca da Aliança simboliza a Cristo, que vai à nossa frente e que nos dá a vitória sobre o mal e sobre a morte. "Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra passa o Jordão diante de vós" (v.11).
As doze pedras que Deus disse que seriam por memoriais diante do povo de Deus apontam para os doze apóstolos, que testemunharam a morte e ressurreição de Cristo (Atos 1.21-26).

Capítulo 7

Este vale de Acor, ao qual se refere o capítulo 7, versículo 26 e que foi um memorial da destruição de Acã e de sua família por terem pecado no anátema escondido em sua tenda. Era um símbolo de derrota e destruição para o povo de Deus. No entanto, este mesmo vale, no versículo 15 de Oséias, capítulo 2, Deus diz que será por "porta de esperança" para o povo de Israel.  Em Isaías 65:10, Deus diz que esse vale será, ainda, um lugar de descanso: "o vale de Acor de lugar de descanso para os rebanhos, para o meu povo que me busca".

Juízes

Capítulo 11


É de se notar o contraste entre Jefté e o juiz que lhe sucedeu, no quesito deixar posteridade, pois, enquanto de Jefté é dito "era ela a única filha; não tinha ele outro filho nem filha" (filha única, a qual Jefté sacrificou, ainda, num voto irrefletido), do sucessor Ibzã, de Belém, o texto bíblico, contudo, narra que "tinha trinta filhos, e trinta filhas que casou fora; e trinta filhas trouxe de fora para seus filhos".

É de se observar que Jefté era filho de uma prostituta. Tal fato denota o extremo oposto da pureza da concepção que estaria presente na futura concepção do Messias. Jesus nasceu de uma virgem, Jefté nasceu de uma prostituta. Talvez possa se cogitar que esta seja a causa da inexistência de descendência a Jefté. Por outro lado, a prole numerosa de Ibzã, procedente da mesma cidade onde nasceu Jesus da virgem Maria, pode representar a fertilidade espiritual e descendência espiritual incontável de Cristo.

Isto, tendo em conta que os filhos são concedidos pelo Senhor e que Deus não fez e não deixou nada escrito na Bíblia por acaso, o contraste entre a prole de Jefté (uma única filha, e ainda sacrificada) e a prole enorme de Ibzã de Belém (trinta filhos e trinta filhas) querem certamente nos indicar algo. Entendo ser a concepção de Jefté de uma prostituta e a sua quase, ou completa, esterilidade um antítipo - por contraste - da pureza da concepção virginal do Messias e a sua grande fertilidade espiritual. Ao passo que Ibzã é o outro lado do antítipo bíblico, apontando para o nascimento do Messias em Belém e também para a quantidade de seus discípulos. 

No fato de Ibzã "perder" as trinta filhas, mas "ganhar" outras trinta, possibilitando, assim, que ele tivesse descendência inumerável, pode-se ver uma representação da morte de Jesus (implicando a perda, ou morte, da esperança dos seus discípulos) e ressurreição no terceiro dia (está para a revivificação da esperança e fé dos mesmos, possibilitando que o evangelho fosse anunciado por todo o mundo), tornando possível o nascimento de filhos espirituais incontáveis.

Capítulo 13

Na jurisdição de Sansão, diferentemente de outras vezes, não se registra o arrependimento e o clamor por parte do povo de Deus. Sansão, por outro lado, é um juiz sui generis e solitário (não há participação de um número considerável de pessoas na guerra contra os filisteus, como ocorria no caso dos outros juízes que lideravam e conduziam o povo à vitória). Desta vez, apenas um, Sansão, é o instrumento escolhido e usado por Deus para salvar.

Também não há registro de outro juiz que tenha o seu nascimento anunciado, de antemão, milagroso (intervenção especial de Deus para isto), e que tenha sido também consagrado a Deus desde o ventre, até à morte, como o foi o caso de Sansão ("o menino será nazireu de Deus, desde o ventre até ao dia da sua morte", v. 7).

Deste modo, o livramento que Deus deu ao seu povo, durante a jurisdição de Sansão, foi iniciativa exclusiva de Deus, pois o Senhor interveio soberanamente, para libertar o seu povo do jugo dos filisteus, formando e preparando para isto um só homem, desde a concepção milagrosa no ventre de sua mãe, até à sua morte vitoriosa ("foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara em sua vida").

O fato de o Anjo do Senhor, aqui, se autodenominar "Eu Sou" (v. 11) e, "Maravilhoso" (v. 17), indica que é o próprio Filho de Deus quem fala com eles (Isaías 9.6 e João 8.58). Neste momento, Ele se recusa a comer pão com Manoá e com sua mulher, pois ainda não tem um corpo físico, como o assumiu na encarnação. Após a morte e ressurreição de Jesus, entretanto, Ele comeu perante os seus discípulos para demonstrar sua ressurreição corporal dentre os mortos (Lucas 24.42-43).

Ao se oferecer holocausto (sacrifício em que a vítima sacrificial era totalmente queimada, em oferecimento a Deus), quando o animal ia sendo totalmente consumido pelo fogo, era como se tivesse sendo recebido por Deus. Deste modo, o fato de, ao oferecer Manoá o holocausto, o Anjo do Senhor subir na fumaça simboliza que ele próprio estava sendo oferecido a Deus, representado naquela oferta queimada.

Portanto, aqui, vemos no holocausto oferecido por Manoá e na subida do Anjo do Senhor (o próprio Filho de Deus), na chama do altar do mesmo holocausto, um prenúncio do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, oferecido em sacrifício por nós, e aceito por Deus, possibilitando que pudéssemos contemplar a Deus (vv. 21 e 22), sem morrermos.  

Parece que, sobre o povo como um todo, os filisteus tinham legalidade para dominar, pelo fato de eles não serem consagrados como Sansão, estando, pois, o povo em geral em desobediência ao Senhor. Então, Deus podia atuar, livrando o povo, tão-só por meio de alguém sobre quem os filisteus não tinham direito, concebido por intervenção especial divina, sujeito a regras divinas, como é o caso de Sansão.

Por mais que Sansão tivesse, aparentemente, quebrado parte dos mandamentos que foram transmitidos por seus pais (não tocar cadáveres, por exemplo), guardou o preceito principal de não cortar os seus cabelos até praticamente o fim de sua vida (isto porque, ao ter seus cabelos cortados, acabou-se a sua consagração e, por consequência, a sua vida, conforme havia sido predito pelo anjo do Senhor).

Isto pode ser uma representação da salvação universal realizada por Deus, pois todos nós estávamos sob o jugo dos nossos inimigos. Tinham eles por "quarenta anos" (o número quatro representa totalidade, portanto, por todo o tempo) direito sobre nós, pelo fato de sermos pecadores e de não sermos consagrados a Deus, desde o ventre. Então, Deus interveio soberanamente, concebendo a Jesus Cristo milagrosamente e usando a sua vida consagrada para nos livrar dos nossos inimigos e destruir com o império de Satanás.

O livramento de Deus aconteceu não somente durante a vida de Cristo, operando através dele com poderes miraculosos, mas através de sua morte e ressurreição, que fizeram ruir o sistema idólatra pagão e o domínio do pecado e das trevas sobre a vida do seu povo. Nesta grande vitória, Jesus lutou sozinho, pois, somente depois de sua plena vitória sobre o mal e a morte, usufruímos, pela fé, da graça alcançada por Ele.

2 Samuel

Capítulo 9

Aqui, Davi é uma figura de Jesus, "o segundo Adão", ao passo que Saul, o rei que o antecedeu, pode ser considerado uma figura do primeiro Adão. Saul, por sua desobediência, perdeu o direito ao trono, e Davi por sua fidelidade a Deus, foi exaltado a ele. De forma semelhante, o primeiro homem foi rejeitado por Deus, após a desobediência no Éden, o segundo, Cristo, perfeito em obediência até à cruz, é o que foi escolhido por Deus, para ser o Rei sobre todo o seu povo.

Desse modo, Mefibosete pode simbolizar a descendência do primeiro Adão, a qual, após a Queda, ficou "aleijada" moralmente, incapacitada de caminhar espiritualmente e de realizar a vontade de Deus, mas que - por intermédio de Cristo, sua benignidade imerecida - é colocada assentada à mesa do Rei, entre seus filhos, entre os príncipes, ou seja, a graça nos coloca assentados nas regiões celestiais, juntamente com Cristo, apesar das nossas imperfeições. Em outras palavras, de Adão, herdamos apenas uma natureza decaída, de Jesus Cristo, herdamos o direito a estarmos e compartilharmos do Reino de Deus.

No entanto, Jesus, sendo a realidade prefigurada por Davi - mera figura de Cristo -, Ele é superior a este, pois Jesus pode nos devolver a capacidade de "andarmos", para o seguirmos. Por mais que, no presente, ainda somos imperfeitos e incapazes de agradarmos a Deus como Ele requer, podemos obter a cura gradativa, por intermédio da provisão da graça alcançada na Cruz, até à perfeição, no Céu.  

Capítulo 11

No capítulo 11, inicia-se o que se poderia chamar de "a queda de Davi", em analogia à queda de Adão, o primeiro homem.

O "viajante", referido por Natã, que induziu Davi a satisfazê-lo, com a prática do adultério, bem pode ser o desejo sensual terrível, o qual subjugou Davi e o arrastou ao pecado, ou o próprio tentador, conhecido desde Gênesis, por induzir o homem ao pecado.

Aqui, a semelhança do primeiro casal, a mulher também foi o instrumento do pecado para induzir a queda de Davi. Bate-Seba seria a "Eva", que foi causa de tropeço a Davi.

Era o tempo dos reis saírem à guerra, mas Davi, sendo o rei de Israel, não saiu (11.1). Muitas vezes, somos tentados, e acabamos por cometer desastrosos pecados, por não fazermos o que temos que fazer, porque saímos da direção e dos propósitos de Deus e, quando saímos dos propósitos de Deus, somos suscetíveis aos planos e ataques do tentador da nossa alma.

Se nos mantemos ocupados na obra do Reino de Deus, as tentações não têm força para nos derrubar, pois fortalecemos nosso espírito. Se, pelo contrário, cultivamos o ócio espiritual, nos ocupando somente com as coisas seculares, ficamos fracos para as coisas espirituais, a carne assume o controle da nossa vida, e o inimigo acaba por nos derrotar.

Davi estava passeando à tarde no terraço da casa real. Isto nos lembra que Deus passeava todos os dias à tarde com Adão e Eva. Se Davi estivesse passeando com Deus, certamente a tentação não o teria vencido.

Assim como no caso de Eva que foi atraída pela concupiscência dos olhos, Davi foi atraído também pelos olhos. Eva olhou para o fruto proibido, Davi olhou para a mulher do seu próximo, a qual lhe era proibida.

Conforme o apóstolo Tiago nos esclarece, nós somos atraídos pela nossa própria concupiscência e a concupiscência, tendo concebido, dá a luz ao pecado e este gera a morte. Davi foi atraído pela concupiscência, e esta deu o seu fruto: Davi ficou totalmente insensível ao Espírito de Deus, cometendo o adultério e, depois, mais duro ainda, ordenou a morte de Urias.

Tal é o que também ocorreu no princípio, tendo a concupiscência introduzido o pecado no mundo, por intermédio de Adão e Eva, trouxe a morte espiritual e, em seguida, gerou o seu fruto: o primeiro fratricídio, em que Caím matou o seu próprio irmão, Abel.

O pecado traz a morte espiritual (insensibilidade a Deus, separação de Deus) e as consequências não tardam a aparecer, ocasionando desgraça, destruição e morte.  

Urias estava tão firme no seu propósito de se manter em posição de combate, estando imbuído do espírito de combate, que se absteve do conforto, como se estivesse fisicamente longe do exército, mas, em espírito, estivesse na batalha.

Mesmo que Davi tenha embebedado Urias, este não saiu do seu propósito e do espírito de abstinência e consagração a Deus, pelo seu povo em território estrangeiro e em guerra. Davi, ao embebedá-lo, cuidou que Urias iria, então, embriagado, para sua casa e se deitaria com sua esposa, encobrindo o pecado de Davi, pensando Urias que o filho fosse dele próprio, mas ele, mesmo embriagado, continuou firme no seu propósito anterior.

A atitude de Urias, no seu firme propósito de se manter em espírito de combate, sua abstinência do conforto e do lícito prazer conjugal e sua lealdade para com seu povo, contrastam com a atitude de Davi, na sua deserção (não tendo saído para a batalha em tempo em que os reis tinham que ir à guerra), sua falta de abstinência sexual, sua deslealdade para com o seu próximo. 

Capítulo 12

Antes de Davi pecar contra Deus, este conflito já estava sendo travado (12.27), não estando Davi no lugar que, como rei, deveria estar: na batalha, na frente do seu povo. Abriu-se, na história bíblica, um parêntesis no relato da guerra contra os amonitas, para contar o pecado e a restauração de Davi e, depois, fechou-se o parêntesis, e continuou a história e o desfecho vitorioso do conflito.

Davi pecou, mas alcançou a graça do arrependimento, por intermédio do ministério do profeta Natã (o nome Natã significa presente). Tendo morrido o fruto do pecado, o filho gerado do ato de adultério, Deus concedeu um outro filho a Davi, como sinal que tinha alcançado a graça e o perdão. Deus, ainda, por intermédio de Natã, deu ao filho de Davi o nome de Jedidias (que significa amado do Senhor), como prova de seu amor e de restauração.

O filho que morreu pode simbolizar o velho homem, o fruto e a geração do pecado (a velha natureza), que deve morrer - sendo crucificada com Cristo - e o outro filho, o qual Deus deu a Davi, pode simbolizar o novo homem, fruto da graça e da paz com Deus, que renasce com a ressurreição de Cristo. No entanto, os dois filhos - o que morreu e o que viveu - podem também simbolizar a Jesus, que morreu por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação.

Assim, embora Davi tenha pecado e, pela graça de Deus, tenha sido restaurado, como sinal de perdão, Deus lhe deu um outro filho em lugar do fruto do adultério: Em lugar do fruto do seu pecado, Deus lhe deu Salomão. Agora, voltando à narração da guerra, Deus devolveu também o próprio Davi à frente da batalha - numa plena restauração, lhe entregando graciosamente a vitória, como se a queda de Davi não tivesse ocorrido.

Nisto tudo, podemos ver uma figura da plena restauração por Deus do pecador arrependido pela graça de Deus: Davi não guerreou, Davi pecou, Davi gerou o fruto do pecado; no entanto, Deus lhe deu o fruto do amor, Deus lhe perdoou, Deus lhe deu a vitória, colocando, o Senhor, por fim, uma coroa na sua cabeça, tudo isto, graciosamente, como presente não merecido de Deus.

Depois de ser completamente restaurado por Deus, temos, novamente, Davi como figura de Cristo recebendo a coroa de glória, numa posição de honra e glória, e não como o primeiro Adão, numa posição de vergonha e de derrota (Ou seja, a graça devolve ao pecador a imagem de Deus).

Capítulo 18

"Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome. E chamou aquela coluna pelo seu próprio nome; por isso até ao dia de hoje se chama o Pilar de Absalão", mas, no cap. 14, v. 27, diz "Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa à vista". Provavelmente, os três filhos de Absalão vieram a falecer, ficando ele sem herdeiros.

Capítulo 19

"Já disse eu: Tu e Ziba reparti as terras". Davi, aqui, profere uma solução "salomônica", pois já tinha prometido à Ziba que tudo o que era de Mefibosete era dele [O v. 4, do cap. 16, diz: "Então disse o rei a Ziba: Eis que teu é tudo quanto tem Mefibosete"]. Assim, tudo o que era de Mefibosete, era também de Ziba, pois ambos teriam que dividir as terras.

Embora Ziba tenha enganado a Davi, quando este fugia de Absalão, tomou o partido de Davi, não ficando ao lado de Absalão. Além disto, Ziba serviu Davi e os que com ele estavam com os provimentos necessários num momento tão delicado e seguiu o rei na sua fuga. Nisto vemos que Davi procurou sempre cumprir seus juramentos, tendo um caráter fiel.

Uma característica de um homem de Deus é a fidelidade e a coerência entre as suas ações.

Capítulo 20

"8  Chegando eles, pois, à pedra grande, que está junto a Gibeom, Amasa veio diante deles; e estava Joabe cingido da sua roupa que vestira, e sobre ela um cinto, ao qual estava presa a espada a seus lombos, na sua bainha; e, adiantando-se ele, lhe caiu a espada.
9  E disse Joabe a Amasa: Vai bem, meu irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasa, para o beijar.
10  E Amasa não se resguardou da espada que estava na mão de Joabe, de sorte que este o feriu com ela na quinta costela, e lhe derramou por terra as entranhas, e não o feriu segunda vez, e morreu".

Nesta passagem, Joabe fortalece sua posição de "Judas", pois a sua atitude de beijar a Amasa e, saudando-o, o assassinar é idêntica ao modo pelo qual Judas traiu a Jesus, também com um beijo. Embora não fosse Amasa ele próprio diretamente uma figura de Jesus (a semelhança de Davi), o ato de Joabe foi uma traição a Davi, pois o rei havia perdoado Amasa e o nomeado como capitão do exército, ao passo que Joabe não o perdoou e, além disto, o matou.

Deste modo, quando, à semelhança de Joabe, não perdoamos o nosso irmão, ao passo que Jesus já o perdoou, estamos também traindo o nosso Rei e, às vezes, pela nossa falta de amor e cuidado, o matamos com nossa "espada", que pode ser as palavras da nossa boca (). Pelo contrário, o nosso misericordioso Rei Jesus não somente perdoa aos que, às vezes, pecam gravemente contra si, mas dá - muitas vezes - também uma posição de destaque no exército de Deus, pois, onde abundou o pecado, superabundou a graça ().

Embora Joabe tenha estado em sintonia com Davi, de início, depois, repetidas vezes o contrariou, traindo-o. Ora, Davi era o ungido do Senhor e, nesta unção, teve, em sua vida, um proceder muito oposto ao de Joabe, pois era inspirado pelo Espírito de Deus. Quando Joabe agia fora do comando e da obediência ao seu rei, demonstrava não o estar considerando como o ungido do Senhor, desconsiderando a sua unção e autoridade e direção do Espírito de Deus.

De igual modo, quando desobedecemos ao Senhor Jesus, mostramos não o estar considerando como Messias e nosso Rei. Assim, entristecemos o Espírito Santo e nos tornamos traidores como Judas, pecando contra o nosso irmão, a quem Jesus amou e entregou a sua vida por ele. Agindo assim, traímos os princípios do Reino e demonstramos não estarmos em sintonia com Cristo e seu Amor. Em suma, não amar o próximo é equivalente a não amar a Jesus; fazer-lhe algum mal, a trair ao Salvador.

Capítulo 22

Notar que II Samuel 22.29 ("Porque tu, SENHOR, és a minha lâmpada; e o SENHOR ilumina as minhas trevas") é equivalente à Apocalipse 21.23b ("a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada"). Assim, podemos deduzir que SENHOR (Jeová) é Deus e que o SENHOR (Jeová) é o Cordeiro. Por que o Pai e o Filho, por mais que sejam duas pessoas, são um só Deus Jeová.

1 Reis

Capítulo 18

"Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego" (1 Reis 18.38).
Esta passagem lembra o evento de Levítico, onde Deus respondeu a oração de Arão e de Moisés, saindo fogo do Senhor e consumindo e holocausto, atestando a aceitação do sacrifício e dos ofertantes por Deus.

A eliminação dos falsos profetas ou adoradores de um deus estranho lembra a eliminação dos dois filhos de Arão, que morreram por não adorarem a Deus conforme deviam. Aí vemos que a rebelião é equivalente ao pecado de idolatria.


2 Reis

Qual o sentido do episódio das ursas (II Reis 2.23-24)? Que lições Deus nos ensina com a história?
           
1) Que as leis de Deus são de importância absoluta;           
2) Que as leis de Deus não admitem violação, nem mesmo por jovens ou crianças - se           requerer obediência de todos, sem exceção;  
3) Que qualquer transgressão de apenas uma lei de Deus já mereceria a pena de morte.   
           
Explicitando os três princípios acima, podemos afirmar que:   
           
1) Qualquer violação da lei de Deus tem conseqüências catastróficas, pois toda transigência em relação ao respeito à pessoa humana relativiza a sua dignidade e abre precedentes a novas e crescentes violações - um "pouco de fermento leveda toda a massa";
2) Todos os que são capazes de entender os seus atos são culpados diante de Deus pelos seus pecados - quer sejam pequenos, quer sejam grandes;         
3) Deus com certeza responsabilizará a todos os que violam os seus santos e justos mandamentos, quer grandes quer pequenos (basta que sejam imputáveis, ou seja, que não sejam inocentes).            

As três vezes que Eliseu diz "Vive o SENHOR, e vive a tua alma, que não te deixarei" (vv. 2, 4 e 6) lembram as vezes que Pedro confessou a Cristo, antes de Ele ascender aos Céus.

O fato de Eliseu ter seguido Elias, ao atravessar este o Jordão, após o ter "confessado" três vezes, atravessando com ele o rio Jordão lembra que Pedro também seguiu (João 21.22), após a morte e ressurreição de Cristo, ao Mestre até sofrer a mesma morte do seu Mestre.






Um comentário:

  1. Alguns estudiosos entendem que a Terra foi criada, originalmente, com forma e cheia de outros seres vivos não desta Criação, ou seja, os dinossauros, a milhões da anos.

    No entanto, entre o versículo 1 e o dois, a Terra tornou-se sem forma e vazia, tendo morrido todos os seres da criação anterior, em uma grande catástrofe universal.

    Deus, em Gênesis, começa uma nova Criação, que teria acabado seis a sete mil anos atrás, sendo o homem o último ser a aparecer sobre a Terra.

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