sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sombras de Cristo no Antigo Testamento 3

Jonas (Livro de Jonas):

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-> Jonas estava dormindo no porão do barco, quando os que estavam no barco vieram lhe chamar e pedir que invocasse o seu Deus para que Ele acalmasse o vento e o mar (Jonas 1.6). Da mesma forma, Jesus, certa feita, estava dormindo em um barco e o mar estava furioso e o vento assoprando a ponto de quase afundar o barco, os discípulos, no entanto, vieram lhe acordar para que os socorresse. Então, Jesus repreendeu o mar e o vento (Mateus 8.24-27). Como Jonas, o homem Jesus estava dormindo naquele barco, como o Deus de Jonas, Jesus repreendeu o vento e o mar, e estes lhe obedeceram.

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-> Estas duas histórias - a de Jonas com os tripulantes do navio e a de Jesus com os seus discípulos no barco - ilustram bem a obra expiatória de Cristo em nosso lugar na cruz: Todos nós estávamos no mesmo "barco", pois todos somos pecadores, mas Jesus, para aplacar a ira divina, veio a este mundo, pela encarnação, e se ofereceu a si mesmo pelos nossos pecados ("o justo pelos pecadores, para levar-nos a Deus", I Pedro 3.18), "acalmando" a justiça divina.

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-> Os esforços dos tripulantes (Jonas 1.5,13) para salvar o barco (atirarem as coisas ao mar e clamarem aos ídolos - atos que não tiveram resultados para acalmar o mar e para salvá-los) podem representar os meios e tentativas de salvação humanos, que não podem salvar dos seus pecados (estes meios não satisfazem a justiça divina).

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-> Assim como apenas atirando o profeta Jonas ao mar este se acalmou (Jonas 1.15), somente temos salvação por intermédio do perfeito sacrifício de Cristo, que agradou a Deus.

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-> Na história de Jonas, todos os outros tripulantes do barco eram pecadores e idólatras, mas, embora o único pecado de Jonas fosse fugir de Deus por não querer ir pregar a homens maus e pecadores - os terríveis ninivitas -, aqueles homens tripulantes do barco e o próprio profeta viram somente em Jonas o culpado pela fúria do mar ou de Deus (Jonas 1.10). Jesus foi perfeito em tudo - a única razão de Ele vir a este mundo foi a salvação de um povo pecador ao qual Jesus foi enviado para salvar -, mas "ele se fez pecado por nós", II Coríntios 5.21.

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-> Com a sorte que lançaram, Jonas assumiu sozinho a culpa (ele poderia pensar que a ira de Deus era também contra os outros homens, que também eram pecadores, mas não cogitou nisso, assumiu toda a culpa sozinho, Jonas 1.8-10). Jesus, cumprindo os desígnios predeterminados por Deus - as "sortes" divinas -, assumiu todos os pecados da humanidade.

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-> Jonas ofereceu a sua vida para salvar a tripulação do barco, dizendo-lhes que lhe atirassem no mar (Jonas 1.12). Todos nós estávamos em um mesmo "barco" destinado a afundar, pois todos somos pecadores, mas Jesus deu a sua vida pela Humanidade permitindo que o crucificassem, para nos livrar da morte e do inferno ("Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes", João 18.8).

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-> Jonas, ao ser atirado no mar, acalmou-o pela oferta de si mesmo, da sua própria vida, e livrou os tripulantes do barco do naufrágio e da morte (Jonas 1.15). Jesus também, com o seu sacrifício, nos livrou da ira divina e do juízo e da condenação da morte eterna ("o castigo que nos traz a paz estava sobre ele", Isaías 53.5).

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-> O livro de Jonas descreve um detalhe interessante: havia algas enroladas em sua cabeça no ventre do peixe (Jonas 2.5). De forma análoga, foi colocada na cabeça de Jesus uma coroa feita de uma planta com espinhos (João 19.2).

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-> Após Jonas cair na água, ela se acalmou, tal como o profeta havia predito aos homens do barco que aconteceria. Então, eles adoraram ao Deus de Jonas, oferecendo-lhe sacrifícios (Jonas 1.15-16). Jesus levou em seu próprio corpo na cruz o castigo e ressuscitou ao terceiro dia - eventos que ele já havia predito aos seus discípulos -, para que hoje pudéssemos oferecer sacrifícios a Deus com uma consciência pura ("muito mais o sangue de Cristo purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao nosso Deus vivo", Hebreus 9.14).

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-> Jonas estava irremediavelmente condenado a morrer na "sepultura" do ventre de um grande peixe, mas alcançou o favor divino, sendo, após estar ele três dias no ventre do peixe, "ressuscitado" por Deus (Jonas 1.17; Jonas 2.10). Assim também Cristo, que ficou três dias no "ventre" da terra (a sepultura) e, depois, ressuscitou (Lucas 24.46; Atos 10.40).

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-> Ao ter de novo a sua vida, Jonas foi à cidade de Nínive e lhes pregou a palavra da salvação (Jonas 3.3-4). Assim também Cristo, depois de ter ressuscitado, foi enviado por Deus para ser o Profeta dos gentios (é anunciado em todo mundo a Jesus e sua mensagem de salvação).

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-> Assim como os ninivitas, que creram no profeta Jonas e se converteram a Deus, se arrependendo das suas maldades, receberam o perdão divino e escaparam do juízo de Deus (Jonas 3.5-10), todos aqueles que crerem em Jesus, deixando os seus pecados e se convertendo a Deus, serão salvos da condenação no dia do Juízo.

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-> O profeta Jonas (que pode representar também Israel, sua inimizade e desprezo pelos pagãos) ficou enfadado com o Senhor, por Deus não ter destruído Nínive (Nínive representa os gentios) por seus pecados (nós, pela justiça divina, éramos dignos da ira de Deus).

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-> Jonas se sentia penalizado e pediu a morte, pois não via a justiça divina sendo cumprida. Os judeus, em seu legalismo, também não entenderam o amor – e a justiça – de Deus, pelos gentios.

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-> Jonas pediu a sua morte ao Senhor, mas Deus não lhe deu a morte por sua dureza de coração, antes, pacientemente, fez crescer com um ato milagroso uma planta, Jonas 4.6, (a planta, aqui, simboliza Cristo, que veio ao mundo por iniciativa divina) para lhe fazer sombra (Jesus só fez o bem para o povo de Israel). A planta morreria, depois, em lugar de Jonas.

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-> A planta foi criada por Deus, e também eliminada por Ele (Jonas 4.7), para ser usada como instrumento pedagógico do amor divino. Deus, por meio de Jesus – sua vida e morte –, ensina grandeza do perdão e amor divinos.

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-> Quando Jonas estava confortado com a planta e sua sombra (os judeus pensavam que o Cristo seria somente para o bem da sua nação), Deus mandou que um pequeno verme cortasse a planta (simboliza, aqui, o Império Romano, que executou a pena de morte de Cristo).

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-> Jonas não matou a planta, mas a sua dureza de coração levou a que ela morresse para Deus ensiná-lo por meio da morte dela (os judeus não mataram a Cristo, mas a sua dureza de coração levou-os a entregá-lo aos romanos, para ser crucificado).

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-> Com a morte da planta, Jonas ficou mais enfadado ainda. Deus lhe argumentou: tens compaixão de uma planta que não trabalhou para fazer crescer (ela cresceu milagrosamente: aponta para a concepção milagrosa de Jesus; ele não é uma invenção dos judeus), mas não tens pena dos habitantes de Nínive (Jonas 4.10-11). Os judeus desejavam a vinda de Cristo, mas somente para a exaltação de Israel, e não para o bem dos gentios.

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-> Na verdade, Jonas não queria se sacrificar a si mesmo (tinha pena de si, e não da planta), o seu ego e a sua reputação (a palavra de juízo que proferira não se cumprira): ou seja, a vida dos ninivitas era a morte do profeta como profeta. O apóstolo Paulo nos diz, no Novo Testamento, que a queda dos judeus como nação eleita é a exaltação dos gentios (Romanos 11.11), pois Deus já não trata profeticamente com Israel.

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-> Deus fez crescer a planta, para ensinar o amor de Deus a Jonas. Deus, pela encarnação e morte de Cristo, quer ensinar uma lição de amor a Israel e aos gentios, pois ama também “os ninivitas”, ou seja, nós, os gentios (“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, João 3.16).

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-> Jonas deveria entender que, assim como Deus lhe perdoou, quando ele lhe desobedeceu, fugindo da sua vontade, ele deveria desejar o mesmo para os ninivitas. Assim também os judeus: deviam entender que, assim como Deus foi paciente com eles e os amou, também deviam aceitar o amor de Deus pelos gentios.

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-> Deus ordenou o sacrifício da planta, e não a destruição dos ninivitas, concedendo-lhes o perdão. Isto aponta para o fato de que Deus não poupou seu único Filho, antes o sacrificou, para nos perdoar e salvar ("Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?", Romanos 8 : 32).

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-> A cidade de Nínive, por mais que se converteu a Deus com a pregação de Jonas, não continuou sendo fiel a Deus, pois as gerações futuras não seguiram o mesmo caminho daqueles ninivitas que receberam as palavras de Jonas e que se salvaram. Aproximadamente 100 anos mais tarde, Deus executou o seu juízo e destruiu Nínive (livro do profeta Naum). Assim também esse mundo será alvo do juízo de Deus, pois o tempo da graça no qual Cristo e sua salvação estão sendo anunciados irá passar e somente se salvarão aqueles que crerem na mensagem de Cristo e seguirem os seus ensinos.

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